Em tempos de redes digitais, os dias transcorrem em termos de (falsas) polêmicas. Aquela que animou o final de semana e deu o tom do início desta foi a mudança na letra da música “Girassol”, eternizada na voz de Toni Garrido, vocalista na banda Cidade Negra.
Durante apresentação realizada no programa Alta Horas, da Tv Globo (apresentando pelo imortal Serginho Groismam, no último sábado (04/10), o cantor modificou parte da letra da música, substituindo “menino” por “menina, mulher” no trecho que diz:
“Já que, pra ser homem, tem que ter a grandeza de um menino, de um menino”.
Agora, na versão “não-machista”, passados 25 anos da composição original, fica assim:
“Já que, pra ser homem, tem que ter a grandeza de uma menina, de uma mulher”.
A explicação do cantor foi a seguinte:
“[…] eu estava cantando uma canção certa de amor, que estava fazendo bem pras pessoas. Depois de 25 anos, um dia bateu uma ficha… a música era: ‘A verdade prova que o tempo é o senhor dos dois destinos, dos dois destinos; Já que, pra ser homem, tem que ter a grandeza de um menino, de um menino’. Hétero, machista, top, horrível.“
O assunto tomou conta das redes.
A famigerada pauta identitária, ou woke, fez a festa. Trata-se, em alguns muitos casos, de revisionismo do bem, que pede ajustes de contas com um passado ideal ou factualmente opressor.
No caso da letra, que apela a um universal – homem, no sentido de humano -, em tempos wokes a expressão menino (criança) se tornou “hétero, machista, top, horrível“.
Na ânsia de prestar contas ao tribunal identitário, que talvez nem tenha pedido isso a ele, o cantor esqueceu de ver o machismo “hétero, top e horrível” na expressão “homem”, que continuou em sua voz; somente “menino” precisou ajustar as contas para parecer bem.
Tadinha da criança (posso usar esse universal?). O menino (ops!) pagou a conta do marmanjo homem!