A democracia é uma palavra tão em voga que, de uns anos para cá, decidi tirar a poeira de alguns compêndios antigos e relê-los com atenção redobrada, talvez agora com a serenidade e o olhar que a maturidade confere. Não é um conceito novo, mas é sempre renovado. De Atenas a Brasília, de Rousseau a Bobbio, de Tocqueville a Churchill, venho desde a reclusão da pandemia lendo e relendo, sem pressa, registrando observações, rabiscando margens e ensaiando compreensões.
Confesso que sou prolixo. Quem me conhece sabe. O exercício da síntese é para mim um desafio constante. Como condensar em poucas páginas o que se acumula em séculos de reflexão e prática política? Ainda assim, sigo na tentativa de organizar em palavras o que entendo não apenas como reflexão de pensamento, mas como compromisso humano. Algum dia desses me arriscarei a compartilhar um desses escritos, mesmo que breve, na forma de artigo ou crônica.
Há obras que considero impossíveis de deixar de lado ao tratar do tema, mesmo que superficialmente. Aristóteles, em sua Política, oferece as primeiras bases conceituais, distinguindo formas de governo e advertindo para o risco da demagogia. Rousseau, em Do Contrato Social, radicaliza a noção de soberania popular ao falar da vontade geral como fundamento da lei.
Tocqueville, em A Democracia na América, descreve com rara lucidez tanto a vitalidade quanto as fragilidades da experiência democrática nascente. Bobbio, em O Futuro da Democracia, organiza princípios e dilemas contemporâneos, lembrando que a democracia é, sobretudo, um conjunto de regras do jogo que permite a convivência na diferença. E Churchill, em seus discursos, ironiza e valoriza o regime, reconhecendo suas imperfeições sem abrir mão de sua defesa.
A leitura desses clássicos não esgota o tema, mas abre portas. A democracia não se encerra em fórmulas estáticas, é construção permanente, exigente e frágil. Ler, refletir e escrever sobre ela é um modo de zelar pelo seu sentido mais profundo, sempre inacabado, sempre em disputa, sempre digno de atenção.
A priori, me arrisco a sugerir algumas leituras que acredito estimulantes para o propósito. São indicações que compartilho de maneira despretensiosa, apenas porque me ajudaram a clarear horizontes e podem também inspirar outros olhares. Aristóteles – Política, Jean-Jacques Rousseau – Do Contrato Social, Alexis de Tocqueville – A Democracia na América, Norberto Bobbio – O Futuro da Democracia e Winston Churchill – Discursos e Memórias, John Stuart Mill – Sobre a Liberdade, Amartya Sen – Desenvolvimento como Liberdade e Robert Dahl -Poliarquia.
