Quem é o convidado
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Paulo Mota — jornalista, mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP), especialista em comunicação estratégica, projetos culturais e gestão pública; passagens por Folha de S.Paulo, El País e Banco do Nordeste; hoje dirige Comunicação & Marketing da Cegás.
Tese central
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Comunicação como eixo estratégico: mais que “imagem”, é o hub que alinha propósito, reputação e impacto social, conectando instituições e sociedade.
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Cultura + ESG deixam de ser slogan quando viram política interna, critérios e métricas.
Trajetória e virada
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Sai da sociologia/pesquisa de opinião (Datafolha) para o jornalismo, depois migra à gestão de comunicação no Banco do Nordeste, onde descobre o marketing cultural como vetor de desenvolvimento.
O que é marketing cultural (na prática)
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Associar marca a ações culturais com coerência de propósito.
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Funciona como posicionamento competitivo em mercados de produtos “iguais”.
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Gera valor emocional e capital social sustentável.
Leis de incentivo — visão realista
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Não são “da esquerda”: são renúncia fiscal com forte fiscalização (empresa, Secult, MP).
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Produzem impacto social concreto (ex.: Edisca, Casa de Vovó Dedé, cinema espírita).
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Problemas decorrem de profissionalização ainda recente da gestão cultural — melhora com governança.
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Pluralidade: política à parte; critério é impacto e boa gestão.
Critérios e limites
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Incentivo deve priorizar quem precisa e projetos com público/legado; evitar dependência crônica.
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Dados importam: editais com questionários robustos (ex.: 57 perguntas) para mensurar impacto na imagem e orientar escolhas.
Cultura como “energia renovável”
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Movimenta economias locais (turismo, serviços, renda), com baixo impacto ambiental.
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“Raiz” virou valor de mercado: artesanato, processos manuais e lastro territorial agregam luxo e preço.
Cegás — casos e estratégia
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Política de patrocínios clara; foco em gastronomia (onde o gás está).
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Selo Verde para clientes (15% do gás é biometano do aterro de Caucaia) — diferenciação ESG.
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Aposta em GNV e perspectiva para ônibus/caminhões na transição energética.
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Diálogos CE-Suécia: Cegás citada como case internacional em distribuição de biometano.
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Ambientação cultural na sede (salas temáticas por regiões), mestres da cultura, Guaramiranga (Belchior: totem, memória), aproximação simbólica com o Ceará.
Resistências e como vencê-las
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Empresas evitam “ruído” reputacional e têm medo jurídico-contábil.
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Vence com exemplos, métricas, compliance e tradução entre mundos (cultura ↔ negócio).
Comunicação no topo da estratégia
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Tendência: comunicação no conselho e em vice-presidências; papel de “MIVM” (“isso vai dar merda?”) para prevenir crise.
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Comunicação tira do operacional e leva ao estratégico: integra publicidade, reputação, ESG e dados.
Política e “guerra cultural”
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A direita aprendeu militância/ativismo; tende a usar leis de incentivo ao perceber seu potencial político-cultural.
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Rouanet virou “ruído” — é preciso recontar evidências do benefício público.
Frases-chave
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“Cultura é energia renovável.”
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“Posicionamento define consumo.”
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“Dados decidem patrocínio.”
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“Pluralidade como princípio.”
O que fica (para gestores)
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Defina política de patrocínios (eixos + critérios + métricas).
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Conecte produto ao território (gastronomia, mestres, memória local).
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Crie indicadores ESG que pesem em decisões de investimento/consumo.
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Profissionalize a ponta cultural (gestão, prestação de contas, impacto).
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Coloque comunicação no comitê de risco e no conselho.







