
A presidência da CPI do Crime Organizado no Senado foi entregue a um nome que inspira serenidade em meio à tensão política: o senador Fabiano Contarato (PT-ES). Delegado de Polícia Civil de carreira, ele chega ao posto com o respeito de quem alia técnica, equilíbrio e independência intelectual — atributos raros num Congresso em que o ruído costuma falar mais alto que a razão.
Eleito em 2018, Contarato surpreendeu ao derrotar Magno Malta no auge da onda bolsonarista. Tornou-se o primeiro senador abertamente homossexual da história do país e, desde então, construiu uma trajetória discreta e firme, guiada mais por convicções do que por conveniências. Formado em Direito, com pós-graduação em Direito Penal e Processual Penal, e passagem pela Delegacia de Delitos de Trânsito e pelo Detran capixaba, conhece de perto o tema que agora volta ao centro do debate nacional: a segurança pública.
Na entrevista à CBN, o novo presidente da CPI foi direto: a comissão não pode ser palanque eleitoral nem pirotecnia legislativa. “Segurança pública é direito de todos e dever do Estado”, disse. Seu plano de trabalho mira na integração entre União, estados e municípios, cobrando padronização de procedimentos e ações concretas contra o avanço das facções e milícias.
Contarato não fugiu das perguntas incômodas. Classificou como “infeliz” a expressão usada por Lula ao comentar a recente operação no Rio de Janeiro — uma crítica rara dentro do próprio PT. E reforçou sua posição de endurecimento das penas para crimes graves, lembrando que “não é razoável que o Brasil seja o país mais permissivo do G20” no tempo de internação de adolescentes infratores.
Sua postura sintetiza o que se espera de uma CPI de Estado, não de governo: firmeza sem histeria, rigor sem espetáculo. Fabiano Contarato assume o comando de uma investigação complexa num momento em que o país exige respostas reais, não narrativas. E, até aqui, mostra ter o perfil exato para isso — equilíbrio, técnica e coragem de pensar por conta própria.






