Panorama: A nova pesquisa Datafolha expõe a fragmentação da direita enquanto Jair Bolsonaro permanece preso e inelegível. Entre os nomes que ele deveria apoiar em 2026, Michelle Bolsonaro (22%) e Tarcísio de Freitas (20%) despontam. Flávio Bolsonaro, que se lançou candidato na sexta (5), aparece com apenas 8%.
O dado oculto: No núcleo duro — cerca de 20% do eleitorado, os bolsonaristas mais fiéis — Michelle dispara: 35% a veem como sucessora natural do ex-presidente. Tarcísio aparece colado, com 30%. Flávio mal arranha o grupo: 9%.
O que a pesquisa mostra
1) O favoritismo entre os bolsonaristas não é do candidato anunciado
Apesar do endosso público do pai, Flávio entra na disputa já fragilizado. O Datafolha foi a campo antes do anúncio, mas o problema não é de timing — é estrutural.
Os preferidos do eleitorado de direita continuam sendo:
- Michelle Bolsonaro – 22% (35% no núcleo fiel)
- Tarcísio de Freitas – 20% (30% no núcleo fiel)
- Ratinho Jr. – 12%
- Eduardo Bolsonaro – 9% (14% no núcleo fiel)
- Flávio Bolsonaro – 8%
2) A marca “Bolsonaro” divide mais do que agrega
Metade do país (50%) diz que nunca votaria em um candidato apoiado pelo ex-presidente.
Por outro lado, 26% votariam com certeza — o que preserva um eleitorado potente, embora limitado. Outros 21% admitem a possibilidade.
3) No recall espontâneo, Bolsonaro ainda aparece — mas Lula domina
Mesmo inelegível até 2060, Bolsonaro é lembrado por 7% como opção presidencial. Lula tem 24%.
Tarcísio, candidato mais competitivo do campo direito, surge com apenas 2%, empatado tecnicamente com Ratinho Jr. (1%).
Por que Flávio perdeu a largada
O movimento da família Bolsonaro foi lido no centrão como uma tentativa de preservar poder, e não como a escolha mais estratégica para vencer.
O senador enfrenta:
- resistência interna nas lideranças da direita tradicional;
- baixa identificação com o eleitor bolsonarista raiz;
- um efeito comparativo desfavorável: não tem o carisma de Michelle nem a gestão bem avaliada de Tarcísio.
O ponto de inflexão
O núcleo bolsonarista — homem, evangélico, branco, renda média/alta — já fez sua escolha: Michelle e Tarcísio. Se Bolsonaro quiser unificar a direita, terá de ir contra o instinto familiar e contra o movimento anunciado por Flávio.
O Datafolha, portanto, não só revela números: expõe uma disputa silenciosa pelo espólio político do bolsonarismo, onde a família busca se manter protagonista, mas a preferência dos fiéis aponta para outro caminho.







