A escolha, enfim tranquila, do nome de Evandro Leitão como o candidato das forças que apoiam o governo de Elmano de Freitas fecha um ciclo no processo eleitoral de Fortaleza.
O atual prefeito José Sarto e seus opositores à direita e à esquerda entram em uma nova fase da disputa, que se estenderá por mais oito semanas e tem desafios próprios para todos eles.
Agora, cada um há de mostrar potencial de crescimento, injetar confiança nos seus setores de apoio e contagiá-los com uma expectativa de êxito para alcançar um círculo amplo do eleitorado.
Se você está preocupado com as dificuldades conjunturais do seu candidato preferencial, eis a boa notícia: entre os demais concorrentes também não há ninguém muito tranquilo.
Para começar, repare o caso do prefeito, que deixou para ligar o play no fim do filme e enfrenta uma barreira de 27% de habitantes que considera sua gestão “péssima” – um segmento de quase um terço.
Quando, no último ano de gestão, um eleitor assim define seu prefeito, é voto quase irreversível. Um terço dos eleitores com elevados teores de rejeição é, no quadro de um segundo turno disputado, quase letal.
Agora, observe a candidatura de Capitão Wagner, antes liderança de proa da “direita popular”, e pense no estrago que poderá lhe causar a candidatura do fascista raiz André Fernandes…
Abraçado a ele, Bolsonaro lotou um ginásio de camisas verde-amarelas. Militância orgânica. Um cinturão evangélico apertando a quem antes detinha o monopólio dessas perversões, o Capitão Wagner.
Evandro Leitão é um candidato anabolizado pelo apoio do governador e do presidente, é fato. Mas nenhum deles, hoje (22 de abril), a julgar pelas pesquisas, faz um governo mobilizador.
Ele tem um desafio particular: cristão novo na paróquia petista, precisa convencer os fiéis de que já decorou as orações do catecismo. Não tem a cara do partido e precisa fazer essa harmonização facial. Tem tempo?
Portanto, estão todos subindo a mesma ladeira e só na descida é que todo santo ajuda. Até o início de julho se verá se todos eles têm fôlego para cruzar a faixa que indica passagem para o segundo turno.
O que demarca o início de julho não é nenhuma conjunção astral ou cálculo cabalístico. É o calendário eleitoral mesmo e o prazo final para a definição de candidatos e organização dos ritos da convenção.
Não é muito provável, mas, por todas as águas que já vimos passar por cima da ponte, não se surpreenda se novos nomes surgirem e algum desses for superado por imposição dos fatos.
Não creio. Mas não duvido. A ver.