Bolsonaro e aliados enfrentam julgamento no STF por tentativa de golpe de Estado

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ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o tenente-coronel Mauro Cid durante viagem aos Estados Unidos (Foto: Alan Santos/PR)

O fatos O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (25) o julgamento que pode transformar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em réu por diversos crimes graves, incluindo abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado por violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado. Além de Bolsonaro, outras 33 pessoas foram denunciadas, sendo que o grupo do ex-presidente será o primeiro a ser analisado pela primeira turma do STF.

Acusações e denúncias contra Bolsonaro: De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), a acusação contra Bolsonaro tem como base um relatório da Polícia Federal que o aponta como líder de um grupo que tentou impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023. A investigação indica que Bolsonaro teria ordenado que militares e ministros participassem de reuniões para discutir um golpe de Estado. No entanto, o plano não avançou devido à falta de apoio dos comandantes do Exército e da Aeronáutica, Marco Antônio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Júnior, que implicaram o ex-presidente em seus depoimentos.

Os réus do núcleo central: Nesta semana, serão julgados os integrantes do chamado “núcleo crucial” da organização que, segundo a PGR, tentou subverter o processo democrático após as eleições de 2022.

Oito nomes estão na lista:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin
  • Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil

Denúncias em quatro frentes:

  • 1. Minuta golpista e planejamento de assassinatos

Um dos principais elementos da denúncia é a reunião de 7 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada, onde os comandantes das Forças Armadas discutiram uma minuta de golpe de Estado. Na ocasião, o comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, teria se oferecido para executar o golpe, enquanto outros oficiais recusaram apoio à ruptura institucional. A denúncia aponta ainda que Bolsonaro teria solicitado alterações no plano, incluindo o assassinato de Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.

  • 2. Campanha de desinformação e atos de 8 de janeiro

A PGR alega que Bolsonaro e seus aliados disseminaram desinformação para minar a confiança no processo eleitoral, criando um ambiente favorável a uma intervenção militar. Isso inclui a reunião com embaixadores em julho de 2022, na qual Bolsonaro questionou a segurança das urnas eletrônicas, episódio que resultou em sua inelegibilidade. A violência de 8 de janeiro é apontada como a última tentativa de impedir a posse de Lula, com manifestações incentivadas para pressionar o Alto Comando do Exército.

  • 3.Dano contra o patrimônio da União

Os prejuízos causados pela invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro ultrapassam R$ 20 milhões. Embora Bolsonaro estivesse no exterior, a PGR afirma que sua omissão foi determinante para os ataques, caracterizando dano qualificado e ameaça grave ao patrimônio público.

  • 4.Deterioração de patrimônio tombado

A denúncia inclui ainda a deterioração de patrimônio tombado, com base na Lei nº 9.605/1998, responsabilizando Bolsonaro pela organização dos atos que resultaram nos danos.

Defesa de Bolsonaro: Bolsonaro nega qualquer envolvimento em trama golpista e afirma que nunca discutiu um golpe com ninguém. Segundo ele, a chamada “minuta do golpe” era apenas um decreto de Estado de Defesa, que necessitaria de aprovação do Congresso Nacional. A defesa também classifica as investigações como perseguição política.

Próximos passos: O STF decidirá se aceita a denúncia e transforma Bolsonaro e os demais acusados em réus. Caso isso ocorra, o processo seguirá para a fase de instrução, com depoimentos e coleta de provas adicionais. A expectativa é que o julgamento final aconteça até o fim de 2025, antes das eleições de 2026, evitando que o caso interfira no calendário eleitoral.

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