França anuncia prisão de segurança máxima na Guiana Francesa para isolar chefes do tráfico e extremistas

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RICARDO STUCKERT/PR

O fato: A França vai construir uma prisão de segurança máxima na Guiana Francesa, seu território ultramarino na Amazônia, com o objetivo de isolar chefes de organizações de tráfico de drogas e radicais islâmicos. A unidade será erguida em Saint-Laurent-du-Maroni, município que faz fronteira com o Brasil e o Suriname e é considerado estratégico por estar em uma rota frequente do tráfico internacional de drogas.

Com previsão de inauguração em 2028, o projeto representa um investimento de US$ 450 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões) e terá capacidade para 500 detentos. A proposta foi anunciada em 2017, mas só agora avança para a fase de execução.

Região estratégica, mas marcada por desigualdades: O ministro da Justiça francês, Gérald Darmanin, afirmou que a localização foi escolhida com o objetivo de “isolar permanentemente os chefes das redes de tráfico de drogas”. A região de Saint-Laurent é apontada como um dos principais pontos de origem do transporte de cocaína com destino à França continental, geralmente por meio do aeroporto de Orly, em Paris.

A Guiana Francesa tem hoje a maior taxa de homicídios entre todos os territórios franceses, com 20,6 assassinatos por 100 mil habitantes em 2023 — número quase 14 vezes superior à média nacional. A nova penitenciária é apresentada como uma resposta ao avanço da criminalidade organizada, agravada pela presença de facções ligadas ao narcotráfico e ao extremismo religioso.

Protestos locais e críticas ao simbolismo do projeto: Apesar do discurso oficial centrado na segurança, o anúncio gerou protestos entre moradores e autoridades locais. Líderes da região denunciam a falta de diálogo com a população e a escolha simbólica do local: o novo presídio será construído próximo ao antigo Campo Penal de Saint-Laurent-du-Maroni, uma colônia penal que funcionou por quase um século e ganhou notoriedade internacional por abrigar presos políticos, incluindo os deportados à Ilha do Diabo.

A colônia inspirou o livro autobiográfico Papillon, de Henri Charrière, que teve duas adaptações para o cinema, em 1973 e 2017. Para muitos, o retorno a esse cenário reforça o estigma de marginalização da Guiana Francesa, já marcada por desafios socioeconômicos, desigualdade e histórico de abandono por parte do governo central.

Entre segurança e desenvolvimento: Autoridades locais e entidades da sociedade civil afirmam que a construção da nova prisão pode aprofundar a exclusão do território se não vier acompanhada de investimentos em educação, saúde e oportunidades de emprego. Para críticos, a medida reforça uma abordagem punitiva sem atacar as causas estruturais da violência e da criminalidade.

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