O fato: O governo central, que inclui as contas do Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, registrou um déficit primário de R$ 22,404 bilhões em agosto de 2024, de acordo com o Tesouro Nacional. O valor é inferior ao saldo negativo de R$ 26,730 bilhões registrado no mesmo mês de 2023. O resultado está em linha com a projeção de R$ 22,4 bilhões feita por analistas em pesquisa da Reuters.
O contexto: Os dados revelam uma alta de 6,2% na receita líquida em agosto, atingindo R$ 148,934 bilhões, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Esse crescimento foi impulsionado pela arrecadação de tributos administrados pela Receita Federal, que aumentou 12,6%, com destaque para o Imposto de Renda, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a Cofins. Em contrapartida, houve uma queda real de 2,8% nos recursos não administrados pela Receita, em grande parte devido à redução de dividendos e participações.
Por outro lado, as despesas tiveram um aumento real de 2,0%, alcançando R$ 171,338 bilhões. Esse crescimento se deve principalmente aos gastos com benefícios previdenciários, abono salarial e seguro-desemprego.
Detalhes: Os analistas apontam que, embora o déficit tenha se mantido dentro das expectativas, os desafios fiscais continuam. “O aumento na arrecadação foi significativo, mas os gastos com benefícios sociais continuam pressionando as contas públicas, o que indica que o governo ainda precisa de medidas adicionais para alcançar a meta fiscal”, afirmou um especialista do setor financeiro.
Previsão: No acumulado de 2024, o governo central já registra um déficit primário de R$ 99,997 bilhões, o que representa uma queda de 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, nos últimos 12 meses, o déficit chega a R$ 227,5 bilhões, o equivalente a 1,98% do PIB.
Apesar dessa redução, os números ainda estão distantes da meta de déficit primário zero estabelecida pelo governo para 2024, que permite uma margem de tolerância de até R$ 29 bilhões. O Ministério da Economia projeta um déficit de R$ 28,3 bilhões até o final do ano, com apenas R$ 400 milhões de folga em relação ao limite estabelecido.
Os dados de agosto foram divulgados com atraso devido à paralisação de servidores do Tesouro Nacional, que reivindicam melhores condições salariais.