Equipe Focus
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Médicos do Sistema Hapvida acusam a operadora de saúde de coagi-los a prescreverem hidroxicloroquina para pacientes com sintomas gripais e de se recusar a oferecer testes para detecção do coronavírus.
De acordo com reportagem publicada pelo GLOBO na última sexta-feira, 1º de outubro, os profissionais teriam recebido um longo material em defesa da droga atribuídos à médica Nise Yamaguchi.
A apresentação consta de trocas de mensagens entregues à equipe da coluna por médicos que ainda trabalham na HapVida. Ela foi distribuída em julho de 2020 pelo diretor de emergências da Hapvida, Alexandre Wolkoff, em um grupo de WhatsApp voltado para orientações médicas.
O documento, que tem 33 slides, ressalta em uma das telas que “Prevent Senior, Hapvida e planos do sistema Unimed, dentre outros planos de saúde”, defendiam o uso do medicamento no tratamento da COVID.
Segundo relato do médico Felipe Peixoto Nobre, a empresa pressionava os profissionais a cumprirem metas de prescrição de “kit-COVID”, mesmo com a ineficácia comprovada dos medicamentos, e chegava a assediar quem não cumprisse a ordem da empresa.
“Éramos vistos como inimigos e marcados com uma bandeira vermelha. Recebi quatro visitas no ambulatório do médico-líder em menos de um mês. Me disseram que eu corria o risco de ser desligado do plano, caso eu não prescrevesse o “kit-COVID”. A chefia sabia exatamente quem prescrevia ou não, porque estavam fazendo auditoria nos prontuários, um absurdo total”, disse Nobre ao Globo.