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Impacto das apostas esportivas no Brasil levanta preocupações sobre endividamento e economia

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Jogos online de azar. Foto: wavebreakmedia/Shutterstock

O fato: Liberadas no Brasil desde 2018 sem qualquer regulação, as apostas esportivas online geraram um mercado bilionário, enquanto o endividamento das famílias brasileiras e os impactos no consumo aumentam significativamente. Estudos recentes mostram que, além dos problemas financeiros, as apostas também têm causado danos à saúde mental.

Um levantamento do Itaú revelou que os brasileiros perderam 23,9 bilhões de reais em apostas esportivas entre junho de 2023 e junho de 2024, com a maior parte do prejuízo recaindo sobre as classes mais pobres. No período, as bets movimentaram cerca de 68,2 bilhões de reais no país.

Crescimento do mercado e regulação: Liberadas no Brasil em dezembro de 2018, as apostas deveriam ter sido regulamentadas em até quatro anos, o que não aconteceu. Apenas em 2023, o Congresso aprovou parte da regulação enviada pelo governo Lula. A segunda fase, com regras definidas pelo Ministério da Fazenda, entrará em vigor em outubro deste ano.

Empresas internacionais como Betfair, MGM Resorts International e Betsson AB já se registraram no país para operar no mercado regulado, e estima-se que a arrecadação com outorgas possa alcançar 3,4 bilhões de reais. Além disso, com a regulamentação, as bets passarão a recolher impostos, gerando mais receita para os cofres públicos.

Efeitos no consumo e no endividamento: A preocupação, no entanto, não está apenas no volume financeiro. Relatórios, como o do Santander, indicam que o percentual da renda familiar gasto em apostas subiu de 0,8% em 2018 para 1,9% em 2023, com projeções de que pode alcançar 2,4% nos próximos anos. Isso ocorre em detrimento de outros gastos essenciais, como alimentos, vestuário e eletrônicos.

Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo aponta que 63% dos entrevistados já comprometeram parte de sua renda principal com apostas. Além disso, 23% deixaram de comprar roupas, 19% reduziram suas compras em supermercados e 11% não conseguiram pagar contas devido às apostas.

As empresas de apostas contestam essas alegações, atribuindo a queda no consumo à pandemia da Covid-19. No entanto, especialistas como o economista Mauro Toledo, da PriceWaterhouse Brasil, destacam que o crescimento desse mercado afeta diretamente o consumo de lazer e cultura, com 38% dos gastos dessa área já direcionados para apostas.

Consequências para a saúde mental e o futuro: O impacto vai além das finanças. Diego, um operador de máquinas de 38 anos, relatou que perdeu cerca de 50 mil reais em apostas e contraiu um empréstimo de 30 mil reais para pagar dívidas. Ele contou que o vício o levou a mentir, esconder dívidas e perder parte de sua qualidade de vida. Situações como essa não são raras e vêm gerando a proliferação de grupos de apoio a viciados em jogos nas redes sociais.

Com o aumento dessas preocupações, o governo decidiu antecipar a regulamentação para outubro, embora a cobrança de impostos e taxas sobre as empresas de apostas esteja prevista apenas para o início de 2025. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo vai enfrentar o problema, tratando-o como uma nova pandemia, dada a dependência psicológica que os jogos têm gerado em muitos brasileiros.

O setor de apostas continua em crescimento, mas os desafios que surgem com esse avanço apontam para a necessidade de um controle mais rígido e de maior conscientização sobre seus impactos econômicos e sociais.

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