Indicado por Lula, Galípolo mantém juros altos e política austera; Quem leva a culpa agora?

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De Lula para alípolo em dezembr de 2024: você será, certamente, o mais importante presidente do Banco Central que esse país já teve, porque você vai ser o presidente com mais autonomia que o Banco Central já teve”.

📊 O cenário
Na primeira reunião sob a presidência de Gabriel Galípolo, o Copom elevou a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano, cumprindo o ajuste sinalizado desde dezembro. A decisão era esperada pelo mercado.

📌 Por que isso importa?

  • A mudança ocorre sob um novo Banco Central, agora comandado por um nome indicado por Lula .
  • Com a inflação pressionada e o câmbio ainda acima de R$ 5,80, a política monetária segue conservadora.
  • Quem é o culpado pelo pelos juros altos? Quando o BC era chefiado por Roberto Campos Neto, os petistas criticavam duramente a política monetária. Com um nome do próprio governo no comando, o tom das críticas pode mudar — ou se voltar contra o próprio Palácio do Planalto.

📉 Inflação e expectativas
Desde a última reunião do Copom, em dezembro, as projeções de inflação se deterioraram:
🔹 IPCA previsto para 2025 : subiu de 4,59% para 5,50% .
🔹 IPCA para 2026 : foi de 4% para 4,22% .

📈 Câmbio e cenário externo

  • O dólar passou de R$ 5,95 em dezembro para mais de R$ 6 no fim de 2024, antes de recuar para R$ 5,85 .
  • Nos EUA, o Federal Reserve manteve os juros entre 4,25% e 4,5% , reforçando a necessidade de cautela para o Brasil.

🔎 O que esperar?
Com três novos diretores indicados por Lula no Copom, a política de juros segue rígida. A pressão do governo pode aumentar, mas os dados econômicos limitam qualquer flexibilização imediata. A pergunta que fica: quem será o alvo das críticas agora?

Confira a íntegra do comunicado do Banco Central.

“O ambiente externo permanece desafiador em função, principalmente, da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, o que suscita mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo. A inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação e novamente apresentaram elevação nas divulgações mais recentes.

As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se de forma relevante e situam-se em 5,5% e 4,2%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o terceiro trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 4,0% no cenário de referência (Tabela 1).

Persiste uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) impactos sobre o cenário de inflação de uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada; e (ii) um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais.

O Comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes.

O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista.

O Copom então decidiu elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 13,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião. Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.“

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