
O fato: A taxa média de juros nas concessões de crédito livre para famílias e empresas alcançou 43,7% ao ano em fevereiro, segundo dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira (9). O resultado representa um avanço de 1,5 ponto percentual (pp) em relação a janeiro e de 3,4 pp em 12 meses, refletindo o atual ciclo de aperto monetário liderado pela Selic, atualmente em 14,25% ao ano.
Juros para famílias: Nas contratações de crédito para as famílias, a taxa média atingiu 56,3% ao ano, com alta de 2,4 pp no mês e de 3,6 pp em 12 meses. O principal fator foi a elevação nas taxas do cartão de crédito rotativo, que saltaram 9,6 pp, atingindo impressionantes 450,6% ao ano. Já o crédito pessoal não consignado teve alta de 6,1 pp, indo para 105,9% ao ano. O cartão parcelado registrou juros de 181,8% ao ano, com alta mensal de 7,2 pp, apesar da queda de 7,1 pp no acumulado de 12 meses.
Taxa para empresas: Para as empresas, o crédito livre teve taxa média de 23,9% ao ano, com leve recuo de 0,2 pp na comparação mensal, puxado pela queda de 39,2 pp no rotativo do cartão de crédito e de 5,4 pp nas operações de capital de giro de até 365 dias. Em 12 meses, a alta acumulada é de 2,3 pp.
Crédito direcionado: No crédito direcionado – com regras e finalidades definidas pelo governo – a taxa média ficou em 11,2% ao ano em fevereiro. O recuo mensal foi de 0,8 pp, enquanto a alta em 12 meses foi de 1,1 pp. A taxa para pessoas físicas foi de 10,5% ao ano e para empresas, de 13,5% ao ano.
Concessões totais caem 1,2%, mas saldo do crédito cresce: As concessões de crédito recuaram 1,2% em fevereiro, somando R$ 575,5 bilhões. Para pessoas físicas, a queda foi de 4,2%, enquanto para empresas houve aumento de 2,7%. No crédito direcionado, as concessões subiram 19,1% no mês, mas no crédito livre houve retração de 3%.
O estoque total de crédito no Sistema Financeiro Nacional alcançou R$ 6,486 trilhões, com alta de 0,4% no mês e de 11,8% em 12 meses. Houve avanço tanto nas operações com empresas (R$ 2,459 trilhões, +0,5%) quanto com pessoas físicas (R$ 4,027 trilhões, +0,4%).
Endividamento e inadimplência sobem entre as famílias: A inadimplência geral se manteve estável em 3,3% em fevereiro. Nas operações com pessoas físicas, foi de 3,8%, e com empresas, de 2,3%.
O endividamento das famílias – relação entre dívidas e a renda acumulada em 12 meses – ficou em 48,7% em janeiro, com alta de 0,3 pp no mês e de 0,9 pp em 12 meses. Desconsiderando o crédito imobiliário, o índice caiu para 30,6%. O comprometimento da renda – parcela destinada ao pagamento das dívidas – foi de 27,3%, também com alta de 0,3 pp no mês e de 1,5 pp no ano. Esses dados têm defasagem e são calculados com base na Pnad do IBGE.