ALGUÉM PESOU AS CONSEQUÊNCIAS DESSES ARROUBOS GUERREIROS DA DIPLOMACIA BRASILEIRA?
“Deixem a China adormecida, pois quando ela acordar vai sacudir o mundo.” — Napoleão Bonaparte
Este senhor da guerra, da paz e da diplomacia brasileira parece desconhecer as consequências do passo belicoso anunciado. Ignorará, porventura, que o mundo esconde-se atrás de dois escudos de defesa e ataque — a OTAN e o antigo Pacto de Varsóvia — além da Federação Russa, da União Europeia e, digamos com sutileza, da Pax Americana?
Desde que nos tornamos Estado independente e soberano, espalhamos a ideia de que somos uma nação pacífica, temente a Deus e amante da lei e da ordem. Chegamos a inscrever na Carta Magna esse espírito conciliador, como mensagem “urbi et orbe” dos bons sentimentos que nos animam.
Será, portanto, uma metamorfose difícil e trágica nossa conversão em nação guerreira, filiando-nos a um pacto militar que nos traria a “proteção” da China. Ou, talvez, da Rússia. Até mesmo do Irã. Menos provável, mas não impossível, seria prestar lealdade a uma aliança de sangue com Maduro.
O risco maior está em transformar o Brasil em teatro de uma guerra que não é nossa, que não provocamos e não desejamos. Uma guerra ao lado de países com os quais não temos laços consistentes de amizade ou convergências culturais significativas. O que há, no fundo, é um comércio de commodities que nos reduz a exportador periférico e dependente, além de importador de bugigangas que sufocam nossa indústria e travam nossa criatividade.
A História não é generosa em lições otimistas. Dos dois conflitos internacionais dos quais participamos — a Guerra do Paraguai e a Força Expedicionária enviada à Itália — não colhemos saldo positivo para nossa ação militar. Restaram, sim, lances de heroísmo que celebramos com orgulho. Dos chacos paraguaios, lembramos a Retirada da Laguna, imortalizada pelo Visconde de Taunay. Da Itália, guardamos a dor de Pistoia e os 432 brasileiros lá enterrados, já no fim de uma guerra que não escolhemos, mas fomos arrastados por alianças de potências maiores.
O pior das guerras não é perder.
Nem mesmo vencer.
Sabe-se bem por quê.
