Pílula contra apneia está pronta e vai melhorar o sono e a saúde de centenas de milhões no mundo

COMPARTILHE A NOTÍCIA

O que está acontecendo
A farmacêutica norte-americana Apnimed, sediada em Cambridge (Massachusetts), divulgou novos dados positivos da Fase 3 para seu medicamento oral AD109, voltado ao tratamento da apneia obstrutiva do sono. A pílula, tomada antes de dormir, combina dois compostos — atomoxetina e aroxibutinina — que mantêm as vias aéreas ativas durante o sono, reduzindo colapsos respiratórios.

Por que importa
A apneia do sono afeta cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo, incluindo milhões de brasileiros que, muitas vezes, sequer têm diagnóstico. A maioria dos casos permanece sem tratamento ou depende do incômodo aparelho CPAP, abandonado por grande parte dos pacientes. Uma alternativa oral eficaz pode mudar o cenário global da medicina do sono — e trazer implicações para o SUS, os planos privados e o acesso ao tratamento.

Como funciona a pílula
O AD109 atua como um “sinal de vigília” para os músculos da garganta: mesmo dormindo, o cérebro continua ativando a musculatura responsável por manter as vias respiratórias abertas. O mecanismo foi validado em dois estudos com mais de 600 pessoas nos EUA. Pacientes que não toleravam o CPAP apresentaram até 47% de redução no índice de apneia.

O processo de aprovação
A FDA concedeu ao AD109 o selo “Fast Track”, que acelera o trâmite regulatório para medicamentos inovadores voltados a doenças com poucas opções terapêuticas. A Apnimed pretende apresentar o pedido formal de aprovação (NDA) no início de 2026. Se aprovado, o AD109 pode se tornar o primeiro comprimido oral aprovado especificamente para apneia.

E o Brasil?
Por aqui, a maioria dos pacientes nem chega ao CPAP. A subnotificação é alta, o diagnóstico é limitado a exames caros como a polissonografia, e a adesão ao tratamento é baixa. Uma pílula simples e eficaz poderia revolucionar o atendimento — mas o acesso dependerá da regulação pela Anvisa, definição de preço, cobertura de planos de saúde e decisão do SUS sobre inclusão no protocolo de atenção primária.

Desafios no horizonte

  • Cobertura incerta: ainda não há definição sobre preço nem sobre reembolso por planos privados ou sistemas públicos.

  • Dados pendentes: a Apnimed divulgará os dados completos dos ensaios clínicos, incluindo redução de ronco e efeitos colaterais, apenas em outubro.

  • Eficácia em casos graves: ainda há dúvidas sobre a resposta em pacientes com doenças cardíacas, obesidade mórbida e comorbidades múltiplas.

A frase que resume
Se aprovado, o AD109 pode tirar o tratamento da apneia do silêncio — e colocá-lo de vez na cabeceira da cama. Mas o ronco maior ainda será político: quem poderá pagar por esse avanço?

COMPARTILHE A NOTÍCIA

PUBLICIDADE

Confira Também

O Pix da histeria à omissão: por que a direita gritou contra o governo e calou diante dos EUA

Ciro Gomes caminha para filiação ao PSDB após almoço com cúpula tucana, em Brasília

AtlasIntel: 62% dizem que tarifa de Trump contra o Brasil é injustificada; 41% veem punição por Brics

Barroso responde a Trump com beabá sobre democracia e ditadura

Lula, o “Napoleão brasileiro”, saberá usar o presente político que recebeu de Trump

A crise escalou: Trump envia carta a Lula e impõe tarifa de 50% sobre exportações do Brasil

AtlasIntel: Com Bolsonaro fora, Lula segura a dianteira, Haddad testa força e direita se divide

Pesquisa AtlasIntel: Lula ganha fôlego, Haddad reduz desgaste e confiança política desaba

Morre, aos 97 anos, José Walter Cavalcante, um modernizador de Fortaleza

PSB e Cidadania fecham federação para driblar cláusula de barreira e 2026

União Brasil estressa Lula em Brasília e prepara jogo duro no Ceará

Trump x Musk: ameaça de deportação expõe racha na base conservadora

MAIS LIDAS DO DIA

GLP-1 no Brasil: promessa de milagre, preço de privilégio

Comércio instantâneo: As compras estão tentando chegar à sua porta em 15 minutos ou menos

Ceará investe R$ 1,8 bilhão até julho e reduz dívida ao menor nível desde 2011

Trump confirma tarifa de 50% contra Brasil e agronegócio deve perder US$ 5,8 bilhões

Brasil deixa Mapa da Fome após três anos, segundo ONU

Pílula contra apneia está pronta e vai melhorar o sono e a saúde de centenas de milhões no mundo

Eduardo Leite ataca Bolsonaro e cobra Lula: “imperdoável” e “antiamericano”

Inflação recua nos alimentos, mas moradia consome o alívio

LGPD e Relações Trabalhistas: Quando o Dado Vira Responsabilidade; Por Érica Martins