A negociação entre o PSDB e o PSD para uma aliança partidária gerou debates intensos dentro dos dois partidos, com três modelos de consideração: a federação, a fusão e a incorporação. Cada um desses formatos apresenta suas vantagens e desafios, especialmente diante das recentes mudanças no cenário político brasileiro.
- Modelos de Aliança:
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, afirmou que qualquer tipo de aliança com o PSDB poderia fortalecer ambos os partidos, dada a qualidade dos quadros de cada legenda. As três possibilidades de estudo são:- Federação: Neste modelo, os partidos manteriam seus nomes e diretórios, mas ficariam unidos por um período de 4 anos, compartilhando uma linha política comum. A vantagem seria a manutenção da autonomia de cada legenda, algo que atraiu a preferência de alguns membros do PSDB, principalmente os da base na Câmara dos Deputados.
- Fusão: A criação de um novo nome e diretório unificado, como o exemplo do União Brasil, surgido da fusão entre o DEM e o PSL. Embora esse modelo seja visto como uma solução mais definitiva, ele também gera receitas entre os membros do PSDB que temem perder identidade partidária.
- Incorporação: Um partido absorve o outro, como ocorreu com o Pros, que foi incorporado pelo Solidariedade. Este modelo é o mais extremo e causaria, sem dúvida, maior resistência, especialmente entre os tucanos mais conservadores.
- Resistências Internas no PSDB:
A negociação tem sido marcada por resistências internas dentro do PSDB, especialmente de membros que criticam o PSD por ser composto por “políticas raposas”. Esses membros do PSDB temem que a aliança com o partido de Kassab possa enfraquecer a identidade do PSDB e prejudicar suas perspectivas eleitorais. A oposição à fusão é forte, com uma clara preferência pela federação, que permite uma maior autonomia para os tucanos, especialmente em nível estadual.A expectativa é que o presidente do PSDB, Marconi Perillo, conduza uma conversa interna nos próximos dias, onde os membros do partido tenham a oportunidade de expressar suas preocupações, principalmente em relação à transferência. A ideia é debater os prós e os contras, com foco nas consequências para o PSDB no curto e longo prazo.
- O Cenário no Ceará:
No Ceará, o PSD tem Domingos Filho à frente do partido e uma sólida base de apoio, incluindo o deputado federal Domingos Neto, a vice-prefeita Gabriella Aguiar, dezenas de prefeitos e centenas de vereadores. Além disso, o partido conta com o deputado fedceral Gastão Bitencourt, que preside a sigla em Fortaleza. Esse controle fortalece a posição do PSD como aliados na Prefeitura de Fortaleza e no Governo do Estado. Em contrapartida, o PSDB se encontra em um momento de declínio, não apenas no Ceará, mas em várias partes do Brasil, após as eleições de 2024, que resultaram em uma representação reduzida e em um desempenho historicamente baixo.O fato de o PSDB ser oposição tanto na Prefeitura de Fortaleza quanto no Governo do Estado coloca o partido em uma posição delicada, especialmente considerando a força política do PSD. Uma possível aliança poderia mudar essa dinâmica, mas a resistência interna e a preocupação com a perda de identidade partidária tornam essa união incerta.
- Conversa com Outros Partidos:
Além da negociação com o PSD, o PSDB também conversou com outros três partidos em 2024: o PDT, o Podemos e o Solidariedade. Essas conversas, no entanto, não avançaram significativamente, devido especialmente às dificuldades internas no diretório de São Paulo e aos maus resultados eleitorais do PSDB nas últimas eleições. O cenário no Estado de São Paulo, onde o PSDB dimninuiu de tamanho em várias, contribuiu para a reavaliação de suas estratégias políticas. - Declínio do PSDB:
O PSDB enfrentou uma crise de representatividade, com uma queda acentuada no número de deputados e senadores. Há uma década, o partido tinha 54 deputados e 11 senadores, mas hoje conta com apenas 12 deputados e 1 senador. Este declínio reflete uma perda de força política não só no âmbito estadual, mas também no nacional. As recentes dificuldades eleitorais, tanto em São Paulo quanto em outros estados, tornaram o PSDB mais vulnerável, o que aumenta a pressão para encontrar alianças estratégicas que possam garantir sua sobrevivência e relevância no cenário político.
Impacto Potencial da Aliança PSDB-PSD: Uma eventual aliança entre PSDB e PSD no Ceará poderia alterar significativamente o equilíbrio de poder no estado. O PSD já ocupa posições chave, como a Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado, e sua aliança com o PSDB poderia consolidar ainda mais seu domínio. No entanto, as resistências internas do PSDB, especialmente em identidade à relação à fusão e à manutenção da partidária, são obstáculos a serem superados.
Além disso, o declínio do PSDB e a sua perda de força no Congresso Nacional tornam a aliança com o PSD uma questão estratégica de política de sobrevivência para os tucanos. O desafio será encontrar um modelo de aliança que seja aceitável para as diferentes facções internacionais e que, ao mesmo tempo, garanta que o PSDB não perca sua autonomia e identidade.