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O fato: Em julho de 2024, as vendas de títulos públicos a pessoas físicas pelo Tesouro Direto alcançaram R$ 6,43 bilhões, o segundo maior valor mensal desde a criação do programa em 2002, conforme dados divulgados pelo Tesouro Nacional. O montante ficou atrás apenas de março de 2023, quando as vendas atingiram R$ 6,84 bilhões, estabelecendo um recorde.
Contexto: O resultado de julho representa um aumento de 13,2% em relação a junho e um expressivo crescimento de 80,04% comparado ao mesmo período de 2023. Dois fatores foram determinantes para esse desempenho: a recompra de títulos corrigidos pela Taxa Selic, que foram substituídos por novos papéis, e a emissão recorde de títulos vinculados à inflação, que somaram R$ 2,32 bilhões no mês.
Entre os títulos mais buscados pelos investidores, os corrigidos pela inflação (IPCA) lideraram as vendas, correspondendo a 42,5% do total. Já os vinculados à Selic representaram 38,9%, enquanto os prefixados, com taxas definidas no momento da emissão, somaram 14,1%. O Tesouro Renda+, destinado ao financiamento de aposentadorias, respondeu por 3% das vendas, e o Tesouro Educa+, criado para financiar a educação superior, representou 1,5%.
Impacto econômico: A alta demanda por títulos vinculados aos juros básicos reflete o cenário de juros elevados no Brasil, com a Selic em 10,5% ao ano. Mesmo com a redução recente, a taxa ainda é atrativa para investidores, e há a expectativa de novos aumentos, dependendo das decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) em setembro.
O estoque total do Tesouro Direto chegou a R$ 145,39 bilhões no final de julho, um aumento de 1,53% em relação ao mês anterior e 21,17% a mais do que o registrado em julho de 2023. As vendas superaram os resgates em R$ 1 bilhão no último mês.
Perfil dos investidores: Em julho, 335,6 mil novos investidores se cadastraram no programa, elevando o total para 29,3 milhões. O número de investidores ativos alcançou 2,66 milhões, um aumento de 16,02% em 12 meses. Pequenos investidores continuam a dominar as operações, com 80,1% das vendas sendo de até R$ 5 mil e 55,4% das aplicações abaixo de R$ 1 mil.
A maioria dos investidores prefere títulos de curto prazo, com 66,3% das vendas sendo de papéis com vencimento de até cinco anos. Títulos com prazo entre cinco e dez anos somaram 11,1% do total, enquanto aqueles com vencimento superior a dez anos representaram 22,5%.