Voto: a arma da cidadania; Por Artur Bruno

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É possível que alguns eleitores considerem o ato de votar trivial e sem muita importância. Alguns até se abstêm deste direito, o que é democrático, mesmo considerando que muitos deram a vida para conquistá-lo.

Há dois anos celebramos o bicentenário da independência do Brasil, fato decisivo para a nossa soberania e desenvolvimento. No entanto, no período imperial, as vilas e cidades eram governadas pelas câmaras locais, onde o presidente delas respondia pelo poder executivo.

Ocorre que os edis eram eleitos pelos denominados ‘homens bons’, ou seja, pela elite econômica que teria que ter uma renda mínima de 100 mil réis – ou seja, uma minoria privilegiada.

A partir da constituição republicana de 1891, o voto se torna universal para o eleitor masculino maior de 21 anos. Além da exclusão das mulheres, os analfabetos – 80% da população à época – não exerciam a cidadania, pois não tinham o direito de escolha dos dirigentes.

A Revolução de 1930 propiciou avanços relevantes: o voto feminino (1932), a justiça eleitoral e o voto secreto. Não obstante, o fortalezense só escolheu o prefeito pelo voto em 1936: Raimundo de Alencar Araripe. Ele teve seu mandato estendido até 1945, pois com o golpe de estado de Getúlio em 1937, coube ao interventor estadual nomeado pelo ditador a escolha do prefeito da capital. Ele resolveu mantê-lo até 1945.

É necessário registrar que  uma minoria continuou a escolher vereadores e prefeitos, já que parte considerável da sociedade continuava analfabeta e não votava. Em 1964, com o golpe militar, perdemos mais uma vez a cidadania, já que os prefeitos das capitais seriam nomeados pelos governadores. Somente em 1985, retomamos o direito de escolha dos nossos dirigentes, graças a uma emenda constitucional do então senador cearense Mauro Benevides.

Essa retrospectiva histórica torna-se fundamental para valorizarmos um ato que os brasileiros nem sempre puderam exercer: liberdade de escolha de seus prefeitos e vereadores. O povo fortalezense tem 9 opções para prefeito.

As redes sociais, muito criticadas pelas fake news, nos permitem também conhecer a vida pregressa dos candidatos. Ninguém escapa a uma busca na internet para conhecer a vida política e pessoal daqueles que se submetem à nossa escolha.

Lima Barreto, escritor carioca, disse um dia que o povo tem o governo que merece. Se é verdade que antes tínhamos a desculpa de desconhecimento de algum candidato, hoje é um argumento indefensável pois ninguém resiste a uma pesquisa midiática. Portanto, entendo que a boa escolha é aquela que é composta pelo histórico de vida, as propostas e o comportamento dos candidatos.

Fortaleza merece ter um prefeito à altura das suas necessidades administrativas e políticas, de alguém que busque a diminuição das desigualdades, da zeladoria cotidiana e, sobretudo, planeje a cidade para os grandes desafios da inovação, da tecnologia, da segurança pública e da qualidade de vida.

Os desafios são enormes. É preciso uma administração compartilhada, onde os cidadãos participem das decisões e ações. Mas é fundamental a integração com o governo estadual e federal, pois os recursos municipais são insuficientes para as necessidades básicas do município.

Tudo isso só dará certo se tivermos uma câmara de vereadores atuante, fiscalizando, legislando e sendo porta-voz dos nossos cidadãos.

Bom voto a todos (as)!

Artur Bruno, professor, escritor, é Assessor Especial para Assuntos Municipais do Governo do Ceará. Foi deputado federal, estadual e vereador de Fortaleza. Foi durante oito anos secretário do Meio Ambiente.

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