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Concretiza-se o racha na família mais influente da História política do Ceará

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Os cinco irmãos: fotos rasgadas

Com características únicas na política do Ceará, a prole do casal Eucides e Maria José Ferreira Gomes foi (e ainda é) a família que mais poder exerceu em nossa História. De lá saíram três mandatos de governador, vários mandatos estaduais, presidência da Assembleia, diversos mandatos de prefeito (Sobral e Fortaleza), mandatos federais, mandatos de senador, ministérios da República e uma grande influência no Ceará e no Brasil.

São cinco filhos. Quatro homens e uma mulher. Somente Lúcio Gomes não disputou mandatos, mas, na retaguarda da política, foi diversas vezes secretário de Estado em importantes pastas, incluindo a chefia de Gabinete quando Ciro, o primogênito, foi governador do Ceará entre 1990 e 1994.

Primeiro, Ciro deputado estadual em 1982. Na suplência, assumiu de forma definitiva para nunca mais sair da linha de frente da política cearense. De notável líder de Tasso Jereissati na Assembleia a ministro da Fazenda e quatro vezes candidato a presidente.

Ciro sempre teve o pleno apoio dos irmãos. No Ceará, a família unida quase nunca foi vencida. No entanto, o tempo passou. As sucessivas e dolorosas derrotas de Ciro no plano nacional, a já notória incapacidade de aglutinar forças e o natural ocaso do até então inconteste líder da família parece ter criado o caldo das desavenças políticas.

Erra quem diz que o racha na família se deu por divergências de ponto de vista em relação à disputa para governador em 2022. Não! Como se dá em muitas famílias, os desentendimentos entre os irmãos eram frequentes. Até o momento em que a política já não foi mais capaz de remendar e unir.

Naquele mesmo 2022, Cid e Ivo Gomes já não foram ao lançamento nacional da campanha Ciro Gomes presidente. Evidentemente que isso não tem nada a ver com a disputa estadual, não é mesmo? Os irmãos poderiam fazer uma agenda paralela, se engajar na campanha presidencial e deixar a estadual de lado. Certo? Sim, mas não o fizeram.

A ausência nada fraterna no lançamento que ocorreu em Brasília deixou claro que as vontades faziam com que o racha fosse pra valer. E mais adiante, na campanha, não se pode dizer que Cid e Ivo se empenharam para arregimentar eleitores para Ciro, néo é? Não foram à toa os menos de 19% de votos de Ciro na adorada Sobral natal cujo prefeito é Ivo.

Por sua vez, Ciro impôs sua vontade no Ceará para desagrado dos irmãos. Sempre bem munido de pesquisas, Cid anteviu a derrota estadual do PDT, que foi humilhante. O senador estava certo, mas a ideia de partido foi massacrada pelo seu ato. Goste-se ou não, o PDT tomou uma decisão. Cid pulou fora antes do Titanic se jogar no iceberg e se entregou a um curto período de ostracismo em sua casa serrana nas imediações de Sobral.

O racha familiar é como queda de avião. Há sempre um acúmulo de motivos. Muitos deles não estão à luz da análise política. Relacionamentos entre irmãos, principalmente quando há um que determina os rumos e detém a autoridade patriarcal, muitas vezes com postura unilateral, costuma encher caixas de dissonâncias e potenciais mágoas. Estas ficam guardadas durante anos até serem abertas.

Além das ausências no lançamento da candidatura presidencial de Ciro, há o episódio de Sobral. Dia em que Ciro foi fazer seu único ato de campanha na sua cidade natal, o berço administrado por Ivo. Foi melancólico. Os irmãos também não compareceram. Um punhado de familiares e poucos militantes balançavam bandeiras para outro punhado de eleitores sem nenhuma ampolgação. Graves sequelas ficaram.

Quanto ao PDT, por óbvio que Cid Gomes tem a maioria do partido. Todos sabem bem: o senador é o arquiteto e construtor de todos os partidos nos quais os irmãos já se abrigaram desde que o grupo saiu das asas partidárias de Tasso Jereissati lá pelos idos do final da década de 1990. Foi assim com o PPS, o Pros, o PSB e, por óbvio, com o PDT.

Arqueiteto e construtor de todos os partidos, de todas as alianças e de todas as articulações que levam a segyidas vitórias no Ceará e em Fortaleza.

Lupi, o desastrado
Vi há pouco que convocaram o mais importante líder nacional do PDT, Carlos Lupi, para tentar cosntruir uma saída que não esfarele a sigla. Vamos ver. A julgar pela inábil participação do mesmo Lupi na disputa interna que levou à candidatura a governador de Roberto Cláudio em detrimento de Isolda Cela, o racha pode até se aprofundar.

O fato é que, mesmo que a união se faça à força, jamais o grupo familiar, cuja influência vai muito além do sangue e do PDT, será o mesmo. Pelo menos na política, nada será como antes. É cristal trincado.

Por mais que a política seja dinâmica, não há remendo possível. Não há vitória possível. O que sair desse imbróglio, será um arranjo provisório e torto que não vai durar até a hora de resolver a posição do PDT em Fortaleza.

Está clara a posição de Cid, que não passa pelo apoio à reeleição do fraco José Sarto, um deputado de eterno escalão inferior, sem nenhum brilhantismo, que foi guindado por Ciro para ser o prefeito de Fortaleza.

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