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Você é um líder nato? As lições de Band Of Brothers. Por Pádua Sampaio

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Band Of Brothers é uma série de 2001 da HBO que conta a história da Easy Company, um grupo de elite de paraquedistas que saltou de um avião na madrugada do Dia D, em 6 de junho de 1944, para enfrentar alemães que dominavam o território francês.

Os capítulos chamam atenção, antes de mais nada, pelo zelo e cuidado na reconstrução da História, sempre chancelada por depoimentos reais de sobreviventes da II Guerra Mundial.

Apesar de já ter alcançado a maioridade e em que pese ter ido ao ar pela primeira vez em um mundo pré-revolução digital, a série segue fazendo sucesso, agora no Netflix. O pano de fundo, como se imagina, é o conflito entre países aliados contra a Alemanha nazista. Até aí, nenhuma grande novidade.

Uma observação mais cuidadosa permite desvendar temáticas subjacentes ao conflito puro e simples. São pautas que têm mais a ver com o mundo corporativo do que com os livros de História, como a questão da liderança, por exemplo.

No desenrolar dos fatos, o personagem que dá vida ao lendário Major Richard Winters se transforma pouco a pouco no líder do pelotão, rompendo paradigmas para nós sobre o que significa comandar um grupo. Da mesma forma que destruiu frentes inimigas, rompe com visões pré concebidas de liderança para quem vê a série pela primeira vez e tem como referência o romantismo sobre o tema difundido atualmente nas redes sociais.

Dick Winters não é nada midiático, muito menos eloquente. Também não luta jiu jitsu num dia, no outro escala o Everest e no outro distribui conselhos num podcast (ironia modo on). Tem, isso sim, uma fala tranquila, porém séria e assertiva (por favor, assertivo não tem a ver com acertar). O homem eternizado na série, definitivamente, não é um líder nato.

Mas há líderes natos? Para Peter Drucker, escritor austríaco e contemporâneo de Winters, isso pouco importa. Liderança para ele não tem a ver com personalidade ou talento. Segundo o autor, não há um padrão de comportamento do “líder nato”.

Acrescento que nós é que talvez estejamos confundindo líder nato como “líder idealizado”: um ser que não erra, amado pelas massas, que usa microfone igual ao da Madonna, toca violão, bateria; sabe andar de jet sky, tem uma empresa, dorme 4h por dia, é vegano, faz crossfit, aula de tiro, dá palestras mundo afora e ainda grava conteúdos para o Instagram.

A verdade é que não existe um padrão. Para Drucker, os melhores líderes podem ter comportamentos totalmente distintos: timidez ou extroversão, seriedade ou descontração, ser incisivo ou conciliador, etc. Peter se encontra – metaforicamente – para tomar um café com Winters na medida em que defende a importância de se buscar atitudes comuns a todos esses tipos, em vez de traçar uma personalidade única que encaixa ou não, como um medidor de mala de aeroporto.

E que atitudes seriam essas? São oito características essenciais: 1) fazer o que precisa ser feito e não o que se quer fazer; 2) questionar o que é certo para a conquista do resultado; 3) desenvolver estratégias e assegurar-se de que serão aplicadas; 4) assumir a responsabilidade pelas decisões, 5) bem como pela comunicação com a equipe ou grupo; 6) concentrar-se nas oportunidades e não nos problemas; 7) fazer reuniões de avaliação sistematicamente e possíveis correções de rumo.

Por fim, oito: encarar a liderança e o papel que ocupa dentro de uma organização não como um privilégio, como alguém detentor de super poderes, mas alguém com uma dose de responsabilidade extra sobre o projeto que está à frente.

Em um contexto de guerra, em que todos lutam para executar uma missão, mas também pela própria sobrevivência, Winters jamais usou das prerrogativas da liderança para ficar escondido no acampamento, enquanto os seus estavam no front. Também não ansiava por reconhecimento e condecorações após cada batalha (ainda não havia likes e emojis, lembremos), embora as medalhas sempre dessem um jeito de chegar à sua farda.

Sim, é uma visão quase estóica, nada empolgante e muito pouco romântica de um posto que tantos almejam. Em uma sociedade que cultua o narcisismo da hora que acordamos até a hora que vamos dormir – sem deixar de dar antes aquela espiadinha em quem curtiu nossas fotos – é totalmente fora de moda pensar num modelo de liderança que se assemelha mais a um sacerdócio, a um serviço, do que a uma jornada épica.

Se alguém que lê esse texto já colocou em xeque a própria competência para estar à frente de um grupo ou mesmo se tem dúvidas quanto a chegar a essa posição, Drucker e Winters têm um recado: ser líder nada mais é do que fazer o que precisa ser feito do jeito certo e com eficácia.

Eficácia, por sua vez, tem a ver com disciplina. Esqueça, portanto, se uma varinha de condão tocou ou não sua cabeça quando você nasceu. Disciplina se aprende, mas para isso é preciso estar disposto a encarar uma guerra chamada mudança de hábitos.

As três perguntas para mexer com o seu juízo:
1) Você estimula seu time a fazer o que é necessário e não o que é mais prazeroso/conveniente?

2) Com que frequência e de que forma você estabelece uma comunicação sistemática com a sua equipe?

3) Você costuma se concentrar mais nas oportunidades de negócios que podem aparecer ou nos problemas que surgem cotidianamente?

Pádua Sampaio é publicitário, empresário, professor e colaborador do Focus.jor, no qual assina artigo às quintas-feiras.

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