Diversos filmes de terror contemporâneos devem sua influência ao clássico “Sexta-Feira 13″, lançado em 1980. Naquela época, o subgênero slasher estava apenas começando a se consolidar nos Estados Unidos, com obras como “Halloween” (1978) e “Massacre da Serra Elétrica” (1974).
E, após o sucesso de crítica e de público da obra em que se passa no dia das bruxas, de John Carpenter, o diretor Sean Cunningham encontrou na lenda da sexta-feira 13 uma oportunidade para também provocar o medo dos mais jovens, que, depois de uma década de turbulências e mudanças nos ideais do governo norte-americano, encontravam no terror um reflexo moralizante de suas inquietações.
Lançado em tímidas 1.127 salas de cinema no dia 9 de maio de 1980, “Sexta-Feira 13” foi um sucesso logo de cara, arrecadando inacreditáveis US$ 5,8 milhões apenas no final de semana de estreia.
De lá pra cá, o longa-metragem gerou várias continuações, uma refilmagem, um documentário intitulado “His Name is Jason” e um legado gigantesco na cultura popular, incluindo a produção de jogos, quadrinhos, uma série de TV e um livro de arquivos.
O filme custou US$ 550.000.
A origem da fórmula
Grande maioria das regras do gênero estão presentes aqui: o consumo de drogas leva à morte; relações sexuais resultam em morte; e brincar com a vida também culmina em morte. Além disso, todos os personagens seguem arquétipos dos anos 1980, com dois exemplos marcantes: Alice, a “final girl” virgem, e Ned, o bobão que adora tirar sarro dos amigos.
Todos habitam, no caso, a história que começa em 13 de agosto de 1958, quando o acampamento Crystal Lake é coberto pelo medo após o assassinato de dois monitores envolvidos em relações sexuais. O local, consequentemente, é fechado e, duas décadas depois, um jovem empresário decide reabri-lo. Obviamente, tudo dá errado devido a um assassino misterioso.
Maiores méritos
Um elogio indiscutível é a trilha sonora de Harry Manfredini, que recebeu reconhecimento mundial com sua composição. Inspirada na música de “Psicose“, de Hitchcock, é impressionante como o icônico “ki ki ki ma ma ma” segue arrepiante mesmo 40 anos depois. Segundo o compositor, essas notas surgiram de “Kill Her, Mommy“, um mantra que um personagem repete na mente de sua mãe.
A maquiagem, outro ponto altíssimo da parte técnica, foi assinada por Tom Savini, o gênio dos efeitos especiais, que trouxe sua habilidade e experiência de “Despertar dos Mortos“, de George A. Romero, para as cenas de assassinato. Savini é, provavelmente, o maior maquiador da história do cinema de horror nos Estados Unidos. Em Sexta 13 é divertido acompanhar os seus primeiros passos.
Entretanto, o mesmo não pode ser dito da narrativa que, infelizmente, é exaustivamente irregular. Roteiro e diálogos definitivamente não são os elementos que os fãs do terror lembram em “Sexta 13″. O mesmo das atuações, visto que apenas uma personagem nos conecta com a trama da película. E detalhe: ela deve aparecer, ao todo, uns 15 minutos.
No entanto, a importância de Sexta 13 no gênero é inegável: o filme inspirou centenas de imitações e introduziu, ainda que bem rapidamente, um dos vilões mais icônicos da história do cinema.
E não é todo produto audiovisual barato que consegue isso de primeira.