O fato: O clima seco e quente observado em várias regiões do Brasil, aliado a perspectivas desfavoráveis para a hidrologia, deverá manter os preços de energia elevados em outubro, com a manutenção das bandeiras tarifárias no patamar vermelho. A previsão, divulgada por especialistas do setor, aponta para um cenário de incerteza, com possibilidade de as bandeiras tarifárias continuarem em níveis elevados nos próximos meses.
Detalhes: A diretora de Assuntos Regulatórios e Institucionais da Comerc Energia, Ana Carla Petti, indicou que os estudos da empresa sugerem a permanência da bandeira Vermelha Patamar II em outubro, com uma possível migração para Vermelha Patamar I em novembro e Amarela em dezembro. Um retorno à bandeira verde, que representaria a ausência de cobranças adicionais na conta de luz, é esperado apenas para 2025.
Segundo Petti, a atual perspectiva reflete o cenário hidrológico de setembro, com afluência de 47% da média histórica no Sistema Interligado Nacional (SIN), e as projeções indicam que outubro também não trará uma situação confortável. “Ainda não estamos enxergando chuva para outubro”, afirmou, apontando que uma melhora no cenário só seria possível caso volumes pluviométricos mais altos se confirmem ao longo do mês.
Impacto: A seca, somada à demora no início do período chuvoso, tem pressionado os preços de energia e reduzido a capacidade de geração hidrelétrica, fator crucial para o aumento dos custos. De acordo com a diretora de Regulação e Estudos de Mercado da Thymos Energia, Mayra Guimarães, outubro deve permanecer com bandeira vermelha devido ao cenário de baixa afluência. A incerteza para os meses de novembro e dezembro persiste, mas, em um cenário de melhora nas chuvas, é possível que a bandeira volte a ser amarela.
Por outro lado, Fred Menezes, diretor-presidente da Armor Energia, vê a possibilidade de a bandeira vermelha se estender até os primeiros meses de 2025, dado o atraso no início das chuvas. Ele destacou que a deterioração dos reservatórios foi mais rápida do que o esperado, impulsionando os preços.
Contexto: O setor energético brasileiro é altamente dependente das condições climáticas, especialmente das chuvas, para o abastecimento dos reservatórios que alimentam as hidrelétricas. A incerteza sobre o volume de precipitação no início do período úmido, previsto para os últimos meses de 2024, traz desafios para a estabilização dos preços e a retomada de condições tarifárias mais favoráveis.
Especialistas, como Marcio Sant’Anna, da Ecom Energia, ainda acreditam que o retorno das chuvas em outubro pode permitir uma recuperação mais rápida, levando à bandeira verde. Contudo, ele ressalta que, até o momento, as avaliações meteorológicas indicam um início de temporada de chuvas mais fraco que o habitual, sem indícios de atraso significativo.