O fato: A Prefeitura de São Paulo moveu uma ação judicial contra a Enel, exigindo o restabelecimento imediato da energia elétrica em áreas da cidade afetadas pelo apagão ocorrido na última sexta-feira (11). A petição, encaminhada à 2ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo na segunda-feira (14), prevê multa de R$ 200 mil por dia caso a distribuidora descumpra a ordem judicial. Mais de 200 mil imóveis seguem sem eletricidade na capital e na região metropolitana, conforme boletim divulgado nesta terça-feira (15).
Contexto: O apagão, segundo a prefeitura, foi desencadeado por fortes vendavais que derrubaram 386 árvores, muitas delas próximas a linhas de transmissão, além de, conforme alega o município, falta de ação preventiva da Enel. A cidade ainda lida com os transtornos deixados por esses eventos, que impactaram 1,6 milhão de pessoas inicialmente. No domingo (13), quase 48 horas após o apagão, ainda havia mais de 900 mil pessoas sem luz. Na manhã de segunda-feira, 530 mil residências permaneciam sem energia.
Falhas da concessionária: A prefeitura critica a Enel por um “estado de crônico descumprimento” de seu Plano Anual de Podas para 2023 e pela falta de um Plano de Contingência adequado. A gestão municipal também verificou, por meio de drones, que 30 veículos de manutenção estavam parados no pátio da empresa no domingo, enquanto 760 mil imóveis seguiam sem energia.
Impacto na população e no comércio: A falta de energia afetou diversos setores. A cozinheira Vania Teles relatou ter feito compras em uma loja iluminada apenas com lanternas. Carolina Larissa da Silva, caixa em um comércio, disse que o estabelecimento abriu mesmo sem eletricidade, usando apenas pagamento em dinheiro e Pix devido à falta de conexão para cartões. A gerente, Tamara Souza Ferreira, destacou os prejuízos enfrentados, especialmente no Dia das Crianças, uma das principais datas de vendas do comércio.
Setor alimentício: Restaurantes também foram severamente impactados. Elizeu Correia, proprietário de um restaurante, estimou perdas de aproximadamente R$ 15 mil, com alimentos perecíveis comprometidos pela falta de refrigeração. “Mesmo que a luz volte hoje, o prejuízo já foi enorme”, desabafou Correia, que segue sem energia desde a noite de sexta-feira.