Contexto: O comando da Universidade Federal do Ceará (UFC) havia dado um passo em falso ao renomear a Concha Acústica da Reitoria, retirando a homenagem ao fundador da instituição, Antônio Martins Filho, um personagem que certamente compõe qualquer lista séria de cinco cearenses mais importantes da História do Estado, a favor do nome do guerrilheiro Bergson Gurjão Farias, morto em confronto com uma tropa do Exército na Região do Araguaia (PA), no início dos anos 1970. A decisão, que agora será rediscutida, gerou intensas críticas e acabou expondo a gestão da UFC a um desgaste político desnecessário.
O retrocesso: Após duas semanas de polêmica, a UFC voltará atrás e discutirá o caso em uma sessão extraordinária do Conselho Universitário (Consuni), marcada para segunda-feira, 18. A decisão anterior, promovida sob argumentos frágeis, desconsiderou não só o simbolismo de Martins Filho como também uma tradição consolidada.
Por que importa : A tentativa de alterar o nome do espaço não só ignorou o peso histórico da placa de 1959 como colocou a universidade no meio da polarização política que tem marcado o cenário local e nacional. Ao insistir em uma homenagem controversa, a gestão da UFC foi imprudente, arriscando levar para dentro da UFC a batalha política e ideológica que tem marcado o cenário brasileiro nos últimos anos. A redescoberta de um ato que formaliza o nome original apenas agravou a percepção de que a decisão foi mal fundamentada e arbitrária.
Vá mais fundo: A memória de Bergson Gurjão Farias, estudante de Química e militante político que optou pela luta armada, tem sim alguma relevância, principalmente para os setores políticos mais à esquerda. No entanto, a maneira como a mudança foi conduzida, a inadequação do batismo, a falta de atenção pelo legado de Martins Filho e sem um debate amplo com a comunidade acadêmica e a sociedade, indica que é preciso lidar com questões sensíveis de forma responsável e ponderada.
Veja aqui a nova decisão da UFC