
O contexto: O prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), chega ao terceiro dia de seu mandato com declarações contundentes sobre a herança maldita deixada pelo antecessor, José Sarto (PDT): uma dívida pública próxima de R$ 2 bilhões como nunca antes havia ocorrido em Fortaleza. A exposição do caos herdado gera imensos desconfortos para os dois grandes padrinhos de Sarto. No caso, Roberto Cláudio e Ciro Gomes, que agora enfrentam um cenário político ainda mais adverso. Tanto que os deixou calados enquanto Leitão expõe a miséria administrativa e financeira que herdou.
Por que importa: Ao expor a situação financeira da capital e revisar decisões polêmicas de Sarto, Evandro fortalece sua posição e coloca os dois líderes sem mandatos em uma situação ainda mais difícil. Ciro e Roberto Cláudio, dois ex-gestores da Capital que bancaram Sarto, terão de, cedo ou tarde, justificar a gestão do apadrinhado cuja tentativa de se reeleger alcançou humilhantes 10% do eleitorado. Uma tarefa dificílima.
Os números da caos:
•Cerca de R$ 1 bilhão em operações de crédito.
•Dívidas acumuladas com fornecedores, cooperativas e profissionais de saúde, incluindo fornecedores de alimentos para pacientes do IJF.
•A soma impactará o orçamento de 2025, dificultando novos investimentos.
Movimentos estratégicos: Além das críticas à dívida, Evandro anunciou a reavaliação de duvidosas leis sancionadas nos últimos dias do governo Sarto, incluindo medidas que extinguiram áreas verdes em 10 bairros. A depender do diagnóstico, revogações podem ocorrer. Afinal, trata-se de mudanças seletivas no Plano Diretor da cidade.
No radar:
•Um relatório detalhado da transição será divulgado em 10 de janeiro, consolidando o quadro financeiro e administrativo da Prefeitura. Ou seja, vem mais bomba pela frente. Ciro, RC e Sarto vão continuar calados? Não é aconselhável, embora haja o risco de se contaminarem ainda mais com a impopularidade da gestão que se foi.
•A pesar o fato de a exposição pública das fragilidades da gestão Sarto enfraquecer Roberto Cláudio, visto como um possível candidato ao governo estadual em 2026 em uma potencial aliança de centro-direita, o caminho natural é quase único da dupla (sem Sarto por perto).
O que está em jogo: Evandro ganha capital político ao se posicionar como um gestor que enfrenta os problemas deixados pela antiga administração. Enquanto isso, Roberto Cláudio e Ciro Gomes precisam lidar com os danos à imagem no Ceará e em Fortaleza. O confronto de narrativas pode moldar os rumos das próximas disputas eleitorais. Mas, não uma narrativa apenas deles. A opinião pública terá peso determinante nessa caminhada.
Entrelinhas: nos bastidores, não se sabe ao certo quem foi o arquiteto da desastrada transição política e administrativa do lado de Sarto, mas o comentário é que a atitude “arrogante e despreparada” da equipe, liderada pelo então secretário Renato Almeida, só criou mais e maiores problemas para um grupo político que havia terminado a disputa política em nocaute. Faltou, inclusive, inteligência.