O fato: O governo federal anunciou a criação de um posto de acolhimento humanitário no Aeroporto Internacional de Confins, em Minas Gerais, para receber brasileiros deportados dos Estados Unidos. A decisão foi tomada nesta terça-feira (28), durante reunião no Palácio do Planalto, coordenada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com ministros e integrantes das Forças Armadas.
Condições de deportação: A mobilização ocorre após um voo com 88 brasileiros ter sido marcado por denúncias de maus-tratos, incluindo algemas durante todo o trajeto, agressões, privação de comida e problemas técnicos que comprometeram a ventilação da aeronave. O voo precisou fazer paradas não previstas, e, em uma delas, em Manaus, a Polícia Federal determinou a retirada das algemas. A Força Aérea Brasileira (FAB) foi acionada para concluir o transporte até Belo Horizonte.
Atenção aos deportados: A ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, destacou que o posto em Confins garantirá que os repatriados recebam atendimento digno. “Nossa expectativa é assegurar que as famílias não sejam separadas e que os passageiros tenham boas condições de água, alimentação e temperatura durante os voos”, afirmou.
Diálogo com os EUA: O governo brasileiro pretende padronizar as operações de deportação para evitar novos episódios de abusos. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o Itamaraty já iniciou tratativas diplomáticas com os EUA para garantir respeito aos direitos humanos nos voos de repatriação. Na segunda-feira (27), o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, reuniu-se com autoridades brasileiras para prestar esclarecimentos sobre o caso.
Perspectivas: O Brasil recebe de 12 a 14 voos de deportação por ano, sendo a maioria dos passageiros oriunda de Minas Gerais. O posto humanitário em Confins oferecerá suporte aos repatriados, incluindo políticas de inclusão no mercado de trabalho. Ainda não há data definida para o início das operações.