O fato: Gravações obtidas pela Polícia Federal mostram que militares incentivaram manifestantes a invadirem as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. O material, extraído de celulares e computadores apreendidos durante a investigação, foi divulgado pelo Fantástico, da TV Globo.
Militares incentivaram invasão: Os áudios indicam que o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, então vinculado ao Comando de Operações Terrestres (Coter), demonstrava insatisfação com protestos pacíficos e estimulava ações mais incisivas.
“Não adianta protestar na frente do QG do Exército, tem que ir para o Congresso. As Forças Armadas vão agir por iniciativa de algum Poder”, afirmou Almeida.
Em outra gravação, ele sugere que os manifestantes forcem a invasão:
“A massa humana chegando lá, não tem PM que segure. Vai atropelar a grade e invadir. Depois, não tira mais.”
Além disso, Almeida sugeriu a anulação das eleições presidenciais:
“Para apaziguar, a gente resolve destituir, invalidar a eleição. Colocar voto impresso e fazer uma nova eleição. Com ou sem Bolsonaro.”
Envolvimento de generais: O general de brigada da reserva Mário Fernandes, preso na Operação Contragolpe, teria elaborado o plano “Punhal Verde-Amarelo”, que previa ações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Em um dos áudios, Fernandes pede ajuda ao ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, para impedir a atuação da Polícia Federal:
“Se o presidente pudesse dar um input ali para o Ministério da Justiça, para segurar a PF…”
Ele também teria solicitado a Walter Braga Netto, vice na chapa derrotada de Bolsonaro, para intervir na situação.
Infiltrados e coordenação golpista: As gravações revelam que militares estavam infiltrados entre os manifestantes para monitorar e instigar os atos.
“A gente tem cara infiltrado em tudo quanto é lugar. Monitorando e passando para a gente as informações. Refutando ou ajudando a instigar, digamos assim”, disse Cid.
O tenente-coronel também relatou que Bolsonaro fez alterações em uma minuta golpista apresentada aos comandantes das Forças Armadas.
“Hoje, ele mexeu naquele decreto, reduziu bastante, fez algo mais direto, objetivo e curto.”
Almeida e Fernandes estão entre os 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.