Justiça do Ceará reconhece direito de tutora circular com pet no chão em condomínio

COMPARTILHE A NOTÍCIA

Foto: ilustração

Entenda o caso- Em Fortaleza (CE), uma tutora acionou a Justiça após ser impedida pelo condomínio Reserva Passaré de passear com sua cadela Shih Tzu no chão das áreas comuns. O regimento interno exigia o transporte no colo — o que ela alegou não poder cumprir por razões físicas. A Justiça cearense decidiu a seu favor, afirmando que normas internas não podem ser aplicadas de forma abusiva ou desproporcional. O caso passou por diversas instâncias e recursos, mas foi confirmado por decisão colegiada da 4ª Turma Recursal em março de 2025.

🔴 O conflito: regimento interno vs. realidade da vida moderna

  • Uma tutora residente do condomínio Reserva Passaré, em Fortaleza, foi proibida de circular com sua cadela Shih Tzu no chão das áreas comuns. O regimento interno do condomínio obrigava o transporte no colo. A mulher, alegando limitações físicas, ingressou na Justiça buscando o reconhecimento de um direito básico: circular com seu pet guiado por coleira.

🎯 Questão central: Até que ponto normas internas de condomínios podem limitar a liberdade dos tutores de animais?

🔴 As decisões judiciais: quando o bom senso supera a rigidez normativa

  • Em fevereiro de 2024, a Justiça cearense decidiu a favor da tutora, argumentando que a norma era desproporcional e ignorava realidades diversas dos moradores, como limitações físicas ou o porte dos animais. O condomínio recorreu diversas vezes, inclusive com embargos de declaração e recurso inominado, sempre com o mesmo argumento: as normas foram aprovadas em assembleia.

📌 A 4ª Turma Recursal manteve a decisão:
“O impedimento permanente da recorrida transitar com seu animal de pequeno porte no chão das áreas comuns, mesmo utilizando coleira e guia, sob o argumento de preservação da segurança e do sossego, se revela desarrazoado.”

🔴 Direito de Pet no Brasil: mais do que uma tendência, uma nova realidade jurídica

🐾 O que está em jogo?

  1. Animais como membros da família:
    O ordenamento jurídico brasileiro tem reconhecido cada vez mais os pets como parte do núcleo familiar, inclusive com decisões envolvendo guarda compartilhada e danos morais por maus-tratos.
  2. Convivência condominial e limites normativos:
    Condôminos têm o direito de criar animais, desde que não comprometam a segurança, a higiene e o sossego alheio.
    Mas isso não autoriza regras genéricas e inflexíveis, que desconsiderem situações específicas ou infrinjam direitos fundamentais.
  3. Princípio da razoabilidade e dignidade da pessoa humana:
    As decisões têm aplicado princípios constitucionais — como o da razoabilidade, da proporcionalidade e da dignidade da pessoa humana — à convivência com animais de estimação.
  4. Ausência de lei federal específica:
    O Brasil não possui legislação nacional que regulamente expressamente a circulação de animais em áreas comuns de condomínios. Isso abre espaço para decisões judiciais que criam precedentes com base na interpretação sistêmica do direito.

🔴 O caso Reserva Passaré: um precedente com valor social

  • A Justiça afirmou a ineficácia de normas condominiais que contrariam princípios legais maiores, como a acessibilidade, a liberdade de locomoção e o direito à convivência afetiva com animais. Essa decisão reforça o entendimento de que convenções internas não estão acima dos direitos fundamentais.

💬 A juíza relatora foi clara:
“As normas internas devem se adequar à realidade concreta dos moradores e não violar direitos básicos sob pretexto de proteção genérica à coletividade.”

🔴 Reflexões finais: o Direito de Pet como extensão dos direitos humanos

Estamos diante de uma transformação cultural e jurídica. Os animais, embora não sejam sujeitos de direito em sentido pleno, vêm ganhando reconhecimento como entes sensíveis com valor afetivo e social. E o Judiciário, progressivamente, tem agido como mediador desse novo pacto social, onde humanos e não-humanos dividem espaços e vínculos.

🧭 Esse caso sinaliza uma nova direção no Direito Civil e Condominial brasileiro — mais empática, realista e afinada com as novas configurações familiares.

COMPARTILHE A NOTÍCIA

PUBLICIDADE

Confira Também

“Vamos pra cima”: Elmano endurece discurso em meio à onda de violência no Ceará

AtlasIntel: entre criminalidade e economia estagnada, Lula vê erosão no apoio e avanço de Tarcísio

Chiquinho Feitosa reúne Camilo, Evandro e Motta em articulação para 2026

A disputa no Ceará e os passageiros do carro dirigido por Ciro Gomes

Do cientista político Andrei Roman (AtlasIntel): Lula não é favorito em 2026 porque perdeu o ‘bônus Nordeste’

Vídeo de Ciro no centrão: discurso contra Lula e aceno à centro-direita e centro-esquerda

O roteiro de conversas e articulações que aponta Ciro candidato no Ceará

O que você precisa saber sobre a venda da Unifametro para o grupo que controla a Estácio

Disputa entre Ceará e Pernambuco derruba comando da Sudene e escancara guerra por trilhos e poder no Nordeste

Guararapes, Cocó e De Lourdes têm a maior renda média de Fortaleza. Genibaú, a menor

Moraes manda Bolsonaro para prisão domiciliar após vídeo em ato com bandeiras dos EUA

Paul Krugman: Delírios de grandeza (de Trump) vão por água abaixo

MAIS LIDAS DO DIA

Suprema Corte dos EUA libera detenção de pessoas que falem inglês com sotaque

Fracht Log abre terminal no Pecém e dá fôlego às exportações contra tarifaço dos EUA

Nova receita: a criatividade da indústria para cobrar mais e entregar menos

GM vai montar elétrico Spark no Ceará: importante fato novo industrial — e ativo político para Elmano

Advocacia: a voz que não se deve calar. Por Camilla Goés

STJ: Planos de saúde devem cobrir emergências em cirurgias estéticas

GM estreia produção de carros elétricos no Polo Automotivo do Ceará

Bolsonaro está “debilitado” e não irá a julgamento, diz advogado

STF mantém validade de delação sobre trama golpista envolvendo Bolsonaro