
O Ceará desponta como candidato a se tornar o segundo maior centro de data centers do País, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. O movimento é puxado pelo Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), em Caucaia, que vai receber um data center da Casa dos Ventos, com investimento de R$ 150 milhões e início das obras previsto até dezembro, dentro da Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
A ZPE Ceará já recebeu propostas de pelo menos cinco empresas estrangeiras interessadas em construir data centers de hiperescala, voltados a operações de alto desempenho, como as exigidas por Google, Amazon e Facebook. Os projetos estão em análise e parte deles deve ser definida até o primeiro semestre de 2026, segundo o diretor-presidente da ZPE Ceará, Fábio Feijó.
Investimentos em larga escala
Se confirmados, os novos empreendimentos devem atrair até R$ 20 bilhões em investimentos em energia renovável, impulsionar a cadeia de suprimentos e consolidar Fortaleza e Pecém no mapa global de infraestrutura digital. A estimativa é de 15 mil empregos diretos e indiretos na fase de obras e cerca de 500 postos qualificados na operação plena.
A medida provisória nº 1307/2025, assinada pelo presidente Lula durante visita ao Ceará, foi apontada como decisiva para viabilizar o setor. A MP exige que empresas de data center em ZPEs operem exclusivamente com energia renovável e garante o acesso ao regime alfandegário especial.
Especialistas como Rodrigo Porto, professor da UFC, destacam que o Ceará já reúne vantagens estratégicas: os cabos submarinos na Praia do Futuro, que conectam o Brasil à Europa e à África, e a liderança nacional em energia solar e eólica. O professor avalia que os novos projetos terão porte suficiente para acompanhar a expansão da inteligência artificial e da computação em larga escala.
Por outro lado, há alerta para a necessidade de reforço na infraestrutura de transmissão elétrica para sustentar o crescimento.
Impacto local
O data center da Casa dos Ventos terá 10 salas de servidores de mais de 2.000 m² cada e deve estabelecer parcerias com escolas e universidades para qualificar jovens de Caucaia. Para o setor, trata-se de um avanço que pode posicionar o Ceará como hub internacional de dados e energia limpa.