O Ministério Público do Ceará, por meio da 7ª Promotoria de Justiça de Crateús, recomendou à Prefeitura de Crateús a suspensão imediata do Pregão Eletrônico nº PE067/2025, com valor estimado de R$ 23,8 milhões, destinado à compra de equipamentos e mobiliário para escolas municipais.
A recomendação tem como base indícios de irregularidades que comprometem a legalidade e a competitividade da licitação.
📃 O que está em jogo?
A licitação, organizada pela Secretaria Municipal de Educação (Seduc), foi questionada pelo MPCE por agrupar itens heterogêneos nos lotes do edital, o que pode limitar a concorrência e favorecer determinados fornecedores.
Além disso, o Ministério Público identificou falhas técnicas no processo preparatório do certame, como:
- Ausência de justificativas técnicas consistentes no Estudo Técnico Preliminar (ETP);
- Falta de diagnóstico detalhado das escolas beneficiadas;
- Inexistência de documentos obrigatórios como a matriz de riscos e o impacto orçamentário da contratação;
- Descumprimento de exigências legais na formação dos lotes por categoria funcional e perfil de fornecedor.
🧭 Por que isso importa
Trata-se de uma licitação de valor elevado, voltada à infraestrutura da educação pública. Erros na estrutura do edital podem gerar prejuízos aos cofres públicos, além de comprometer a eficiência e a transparência da gestão. A recomendação busca garantir igualdade de condições entre os participantes e impedir contratações viciadas ou direcionadas.
🔎 Vá mais fundo
A formação inadequada dos lotes em licitações públicas é uma prática recorrente que pode mascarar favorecimentos e dificultar a entrada de pequenos fornecedores. Quando itens com perfis técnicos ou finalidades distintas são agrupados, torna-se mais difícil para empresas especializadas concorrerem. A ausência de um diagnóstico real da necessidade nas escolas e a falta de ferramentas como a matriz de riscos indicam que o planejamento da licitação foi mal estruturado — o que pode gerar contratações ineficientes ou superfaturadas.
📌 Próximos passos
O MP deu prazo de 48 horas para que a Seduc informe se acatará a recomendação e encaminhe documentos que comprovem as providências adotadas. Caso contrário, o Ministério Público poderá adotar medidas judiciais para barrar o certame.