
A formalização no Ministério da Indústria de um data center bilionário no Pecém, firmado entre o fundo Pátria, a Casa dos Ventos e uma gigante da tecnologia — a ByteDance, dona do TikTok —, permitiu o primeiro detalhamento público da engenharia do negócio que, junto a outros, consolida o Ceará como epicentro da economia digital verde do Atlântico Sul (com informações do Valor Econômico).
Trata-se de um projeto com valor total superior a R$ 50 bilhões (primeira fase), aprovado pelo Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE) e inserido no plano mais amplo de cinco data centers e uma fábrica de amônia verde, que somam R$ 583 bilhões em investimentos no Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
💰 A estrutura financeira
Até então pouco detalhado, o arranjo que envolve a empresa gigante dona do TikTok, foi desenhado como uma engenharia financeira de três pilares:
1. ByteDance (cliente âncora e investidora direta)
• Responsável por US$ 7 a 8 bilhões (R$ 38 a 43 bilhões) destinados aos equipamentos de armazenamento e processamento de dados.
• Será cliente única e operadora digital do data center, o primeiro voltado à exportação de serviços de computação em nuvem e inteligência artificial no país.
2. Omnia / Pátria Investimentos*
• Entram com US$ 2 bilhões (R$ 10,7 bilhões) para construir a infraestrutura física, que inclui os dois prédios, sistemas de refrigeração, baterias, conexões de energia e centros de segurança digital.
• A operação será conduzida pela Omnia, braço do Pátria especializado em data centers, sob comando de Rodrigo Abreu.
3. Casa dos Ventos
• Garantirá o fornecimento de 300 MW de energia renovável, dedicados exclusivamente à operação.
• Serão construídos novos parques eólicos e solares no Ceará e no Piauí, com R$ 4 bilhões em investimentos.
• O contrato prevê abastecimento contínuo de energia limpa, eliminando emissões diretas de carbono.
⚙️ A engenharia do projeto
• Capacidade inicial: 200 MW de processamento, podendo atingir 1.376 MW após quatro fases.
• Área de implantação: dentro da ZPE do Pecém, com isenção de IPI, PIS/Cofins, Imposto de Importação e AFRMM.
• Previsão de operação: segundo semestre de 2027, com início das obras ainda em 2025.
• Consumo de água: circuito fechado de reuso, com gasto diário inferior a 30 m³ — o equivalente a 70 residências.
Cada fase representa uma expansão progressiva da capacidade e do consumo energético. A primeira (200 MW) já foi aprovada; a segunda (576 MW) tem conexão de transmissão assegurada.
🌿 O poder da energia verde
O projeto é uma peça central da estratégia de “powershoring”, que realoca cadeias de dados para regiões com energia limpa e abundante.
Com sol, vento e porto, o Ceará assume a tríade perfeita para atrair megainvestimentos tecnológicos:
• energia verde,
• infraestrutura portuária,
• conectividade global via cabos submarinos.
O modelo é descrito pelo vice-presidente Geraldo Alckmin como um exemplo de “inovação tecnológica acoplada à transição energética sustentável”.
📈 A nova fronteira cearense
O impacto estratégico vai muito além dos empregos e cifras:
• exportações estimadas em R$ 80 bilhões anuais em serviços digitais;
• receitas totais acima de R$ 99 bilhões;
• R$ 21,7 bilhões em investimentos indiretos na cadeia produtiva.
O Complexo do Pecém passa a reunir — em um mesmo território — energia limpa, produção de amônia verde e computação em nuvem global.
É o nascimento de um distrito híbrido, industrial e digital, que eleva o Ceará à condição de green digital hub do Atlântico Sul — um corredor de dados, energia e exportação sustentável com projeção mundial.
*A Pátria Investimentos, que tem a Omnia como um de seus braços, é uma gestora líder em investimentos alternativos na América Latina, com mais de 35 anos de história e mais de US$ 40 bilhões sob gestão. A empresa é especializada em criar oportunidades de investimento de longo prazo em setores como infraestrutura, private equity e real estate







