
A retirada das tarifas de até 40% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos agrícolas brasileiros reacendeu o otimismo no agronegócio do Ceará, um dos estados mais atingidos pelo tarifaço aplicado em agosto. Castanha de caju, pescado (como o pargo), água de coco, frutas e cera de carnaúba foram alguns dos produtos mais afetados.
O impacto direto no Ceará
As tarifas derrubaram embarques e inviabilizaram vendas de produtos que já chegam ao mercado internacional com valor agregado alto. Na castanha, segundo produtores, a queda foi imediata; frutas e água de coco também retraíram fortemente.
Em entrevista ao Focus Poder, Amílcar Silveira, presidente da FAEC afirmou que a pressão tarifária atingiu de forma decisiva setores estratégicos do estado. “No caso da castanha, houve uma queda brusca. As frutas e a água de coco também sofreram forte retração. O que é exportado tem valor agregado alto; qualquer tarifa desse porte inviabiliza a venda”, explica.
Em 2023, o Ceará exportou US$ 115,9 milhões em castanha de caju, com forte presença no mercado norte-americano. Já a cera de carnaúba, produto no qual o estado responde por mais de 90% da produção nacional, também sentiu o baque na demanda após o tarifaço.
Apesar da pressão, o agronegócio cearense seguiu crescendo: de janeiro a outubro de 2024, as exportações totais do estado aumentaram 14,1%, alcançando US$ 2,27 bilhões.
FAEC e Governo do Ceará atuaram desde julho para amenizar o impacto. Houve compra pública de parte da produção para proteger pequenos agricultores, mas o efeito não compensou completamente a perda ocasionada pelas tarifas.
Melhora no cenário após a suspensão das tarifas
Com o recuo dos EUA, a avaliação da FAEC é de recuperação rápida. “Já estamos vendo as exportações voltarem a subir”, afirma Silveira. O movimento anima especialmente setores como castanha, frutas, água de coco e pescado, que devem retomar espaço no mercado americano.
Mesmo celebrando a mudança, o Ceará agora busca ampliar mercados. Segundo Silveira, empresários europeus serão convidados para ampliar investimentos em frutas. Além disso, representantes chineses estiveram no Ceará esta semana negociando novas compras. Também há intenção de retomar exportações de camarão para a Europa.
O movimento dos EUA
O decreto foi assinado por Donald Trump após videoconferência com o presidente Lula e tem efeito retroativo a 13 de novembro. A decisão atingiu mais de 200 itens e foi motivada por avaliações internas e pela inflação de alimentos nos EUA, o café, por exemplo, acumula alta de 20% em um ano, segundo o CPI.






