
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso preventivamente na manhã deste sábado (22) e levado para a Superintendência da PF em Brasília. Prisão foi determinada após o senador Flávio Bolsonaro convocar vigília em frente à casa do pai, às vésperas do início do cumprimento da pena por tentativa de golpe.
Em nota, a Polícia Federal disse apenas ter cumprido “mandado de prisão preventiva em cumprimento a decisão do STF”.
A decisão de Alexandre de Moraes determina que a prisão seja executada sem algemas e sem exposição midiática. Bolsonaro já estava em prisão domiciliar desde agosto, em outro inquérito, e agora passa a ficar sob custódia na PF.
Outro argumento para a decisão
Ministro do STF, Alexandre de Moraes registrou que Bolsonaro teria tentado fugir. Segundo o despacho, há indícios de que o ex-presidente pretendia romper a tornozeleira eletrônica para conseguir escapar, aproveitando a confusão que poderia ser provocada pela manifestação convocada por seu filho.
O documento também relata que o STF foi informado sobre uma ocorrência no sistema de monitoramento eletrônico. De acordo com o texto, o Centro de Integração de Monitoração do Distrito Federal comunicou à Corte que houve violação do equipamento usado por Jair Messias Bolsonaro às 0h08 de 22/11/2025.P
Ligação com o processo do golpe
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão na AP 2668, pela trama golpista após a derrota em 2022.
A Primeira Turma do STF o considerou culpado por:
- tentativa de golpe de Estado
- abolição do Estado Democrático de Direito
- organização criminosa
- dano ao patrimônio da União
- deterioração de patrimônio tombado
Votaram pela condenação Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin; Luiz Fux ficou isolado na divergência.
A prisão vem na sequência da preventiva do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), também condenado na trama, que deixou o país e está nos Estados Unidos.
O que pesou contra Bolsonaro
Os ministros enxergam Bolsonaro como líder político e intelectual do grupo que:
- planejou impedir a posse de Lula
- discutiu estado de defesa, estado de sítio e GLO com os comandantes das Forças Armadas
- admitiu, em plano batizado de “Punhal Verde e Amarelo”, medidas que previam ataques a Lula, Alckmin e Moraes
Foram decisivos:
- a minuta de decreto golpista apresentada aos comandantes
- os depoimentos dos ex-comandantes Freire Gomes (Exército) e Baptista Júnior (Aeronáutica), relatando pressão direta de Bolsonaro
- mensagens de Mário Fernandes (“o decreto é real, foi despachado ontem com o presidente”)
- o áudio de Mauro Cid, dizendo que Bolsonaro “enxugou” o decreto e seguia ajustando o plano
Núcleo duro da trama
Foram condenados ao lado de Bolsonaro, no núcleo central:
- ex-ministros Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Anderson Torres
- ex-comandante da Marinha Almir Garnier
- ex-ajudante de ordens Mauro Cid (colaborador premiado)
- deputado Alexandre Ramagem, com parte da pena suspensa pela Câmara em crimes ligados a dano ao patrimônio
Linha de defesa
Bolsonaro admitiu as reuniões com os comandantes, mas diz ter tratado apenas de “hipóteses constitucionais” (estado de defesa/sítio).
A defesa sustenta que:
- as conversas seriam, no máximo, atos preparatórios não puníveis
- haveria “desistência voluntária”, já que nenhuma medida foi formalmente decretada
Com a ação penal encerrada, os advogados agora podem partir para a revisão criminal, tentando:
- apontar novas provas
- alegar contrariedade à lei ou às evidências
- questionar depoimentos ou documentos considerados falsos
Prisão domiciliar e risco de fuga
A prisão domiciliar em vigor desde agosto estava ligada a outra investigação:
o suposto uso do deputado Eduardo Bolsonaro para pressionar o STF e o governo brasileiro via sanções do governo Trump.
Moraes apertou o cerco depois de:
- determinar tornozeleira, restrição a redes sociais, toque de recolher e proibição de contatos
- ver Bolsonaro descumprir as cautelares, falando por telefone em atos pró-anistia e aparecendo por meio de vídeos divulgados pelos filhos
Para o ministro, houve burlar das proibições e risco de fuga, o que sustentou a domiciliar – agora convertida em prisão preventiva formal na PF.
No radar
- Os próximos passos de Moraes: manter preventiva na PF ou iniciar execução plena da pena.
- Reação do bolsonarismo nas ruas e no Congresso.
- Movimentos da defesa em direção a uma revisão criminal e pedidos humanitários futuros.







