A terça-feira começou com mais um capítulo na crise do PL do Ceará. Michele Bolsonaro, logo cedo, publicou um longo pronunciamento respondendo — ainda que dizendo que não responderia — às críticas de seus enteados sobre sua posição em relação à possível aliança entre André Fernandes e Ciro Gomes.
No texto, Michele sugeriu que preferiria voltar ao papel de “esposa e dona de casa” a continuar na política se o “pragmatismo” passasse a ditar as cartas. A mensagem, carregada de indiretas, foi o estopim de uma sequência de reuniões ao longo do dia em Brasília, envolvendo a própria ex-primeira-dama, Flávio Bolsonaro, dirigentes do PL e o deputado André Fernandes.
Desses encontros saíram gestos públicos de pacificação, incluindo fotos de Michele e André lado a lado, sorrindo, após orações, diálogos amigáveis e união pelo Brasil, como registrou a ex-primeira-dama.
Enquanto isso, no Ceará, deputados alinhados ao bolsonarismo reagiam de maneira explosiva. Alguns chegaram a classificar a atuação de Michele como um “estupro político” — expressão extrema, imprecisa e que expõe a temperatura do conflito interno no campo da direita cearense.
Ao final do dia, porém, veio a consequência prática: segundo André Fernandes, a direção nacional — por ordem direta de Jair Bolsonaro — suspendeu a possível aliança com Ciro Gomes. O movimento coloca na conta do ex-presidenciável o maior prejuízo político da jornada.
Resta saber se Ciro, tratado até semanas atrás como a peça-chave capaz de “libertar o Ceará do PT”, continua sendo visto como aposta viável — ou se saiu da mesa antes mesmo que o jogo começasse.







