As movimentações políticas em vistas à eleição presidencial de 2026 continuam a todo vapor. O noticiário das articulações vai tomando as páginas, impressas e virtuais, dos veículos de comunicação do país. Todas as articulações, contudo, têm se dado à direita.
Até o ex-presidente Michel Temer (MDB) entrou nona jogada com seu plano para unir os candidatos de “direita”, para que possam fugir da famigerada “polarização”, num tal “Movimento Brasil”. A ordem é consolidar um plano de governo de direita, sem fustigar Jair Bolsonaro (cujo eleitorado fiel fará toda a diferença para qualquer candidato que se enuncie como “de direita”) e, na hora H, lançar o que apresentar-se com mais chances.
O mais curioso é que as movimentações “da direita” envolvem, todas elas, partidos que estão na tal “base aliada” de Lula, que, se não disputar ele mesmo a reeleição, deverá impor um nome a seu gasto para constar como cabeça da chapa para a qual pedirá votos. E deve saber, como bom animal político, de que à esquerda não lhe restam muitos apoios (haja vista a saída do nanico PDT na Câmara de sua base) a não ser PSB, PV, REDE e PSOL.
Essa “esquerda” tem dado mostra do tamanho que tem: pouco mais de 140 votos. Se olharmos para os partidos vencedores nas urnas para as prefeituras em 2024, então, a hegemonia inconteste é da “direita”, inclusive daquela que está em sua “base”, mas que nem lhe confere o apoio esperado e faz movimentações em busca de outros candidatos.
Senão, vejamos:
1- A filiação de Eduardo Leite ao PSD de Kassab, que já tem Ratinho Júnior como presidenciável e as declarações entusiasmadas de Kassab em favor de um nome “de direita” em 2026;
2- As possibilidade do União Brasil, agora União Progressista, de lançar Ronaldo Caiado ou outro nome, contando com a presença de nomes de peso do MDB e do Republicanos no evento de lançamento de sua plataforma de fundação “à direita”, com vários recados claros e oponentes à política do PT;
3- o Republicanos com o flerte abertíssimo à Tarcisio de Freitas, nome mais provável, por hora, do bolsonarismo.
A direita, assim, vai formando sua “frente ampla”, deixando ao governo uma dupla crença: a de que possui uma base aliada e a de que ela estará em seu palanque de reeleição.
Contudo, também essa suposta frente à direita caminha por uma crença: a de que poderá movimentar-se autonomamente, e a passos largos, sem prestar contas ao bolsonarismo, que a fagocitou, por livre e expresso desejo dela, nos anos em que afinou-se a qualquer discurso antipetista.
Por vezes, quem se movimenta demais pode tropeçar e chegar sem movimentos firmes ao jogo. Outras vezes, quem fica parado nem vê o tempo passar.