
Há uma década, Fortaleza transportava cerca de um milhão de passageiros por dia em ônibus. Hoje, esse número caiu pela metade. Essa drástica redução não pode ser compreendida sem analisarmos as transformações urbanas e sociais que moldaram nossa cidade nesse período. A descentralização é o primeiro fator: bairros como Montese, Messejana, Parangaba, Conjunto Ceará e Barra passaram a ter seus próprios polos comerciais, culturais e gastronômicos, antes concentrados no Centro. Esse fenômeno alterou profundamente os fluxos de deslocamento.
O transporte coletivo, mesmo sendo uma concessão pública subsidiada pelo município e pelo Estado – com repasses que chegaram a R$ 90 milhões em 2024 – enfrenta déficit. Soma-se a isso o crescimento dos shoppings de bairro, o avanço das compras online, do home office e a forte adesão aos aplicativos de transporte, que, pelo tempo e preço, se tornaram alternativa competitiva.
Diante dessa realidade, precisamos debater soluções estruturais como a expansão das ciclovias, a integração com o metrô, novos formatos de operação de ônibus, o passe livre, e pensar a mobilidade urbana como um direito social essencial para garantir inclusão, sustentabilidade e qualidade de vida.
Acrísio Sena é historiador e deputado estadual (PT)