⚙️ O que está em jogo
A proposta de reforma administrativa do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) mexe em mais de 40 artigos da Constituição e promete modernizar a máquina pública. Mas enfrenta a força de corporações organizadas — especialmente a elite do funcionalismo e do Judiciário — que já se mobiliza para barrar mudanças.
📈 Quatro grandes eixos
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Governança e gestão — planejamento estratégico obrigatório, metas anuais e revisão de gastos.
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Transformação digital — inclusão digital como direito social e integração dos sistemas públicos.
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Profissionalização — avaliação de desempenho, progressão por mérito e concursos mais flexíveis.
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Extinção de privilégios — corte de benefícios, férias limitadas e fim de licenças automáticas.
🗂️ Planejamento e metas obrigatórias
Presidentes, governadores e prefeitos terão 180 dias para apresentar um plano estratégico de governo. Órgãos públicos assinarão “acordos de resultados” com metas anuais, criando um ciclo contínuo de planejamento, execução e fiscalização.
📊 Avaliação de desempenho
Servidores de todas as esferas terão avaliações periódicas.
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Desempenho influenciará progressão funcional, bônus e cargos de confiança.
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Bônus anuais poderão chegar a duas remunerações extras (até quatro em cargos estratégicos).
💸 Fim de privilégios e gastos automáticos
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Férias acima de 30 dias, licença-prêmio e progressão por tempo de serviço deixam de existir.
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Auxílios (alimentação, saúde, transporte) serão limitados a 10% da remuneração para quem ganha perto do teto.
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Proíbe conversão de férias em dinheiro e pagamentos retroativos sem decisão judicial.
⚖️ Judiciário e Ministério Público
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Fim da aposentadoria compulsória como punição.
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Juízes e membros do MP poderão perder o cargo em faltas graves.
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CNJ e CNMP ficam proibidos de criar benefícios paralelos.
👥 Concursos e carreira pública
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Concursos terão diagnóstico prévio da força de trabalho.
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Possibilidade de ingresso direto em níveis mais altos para especialistas (até 5% das vagas).
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Estágio probatório formal, com avaliação documentada e possibilidade real de exoneração.
💵 Salários alinhados
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Cria, em até 10 anos, tabela remuneratória única por ente da federação, válida para todos os Poderes.
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Piso no salário mínimo e teto no limite constitucional.
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Fim das gratificações que hoje distorcem a folha e incham custos.
👩🏽💼 Cargos de confiança
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Limitados a 5% da força de trabalho (até 10% em cidades pequenas).
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Metade das funções deverá ser ocupada por servidores efetivos.
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Cotas mínimas para mulheres, negros, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência em postos de direção.
💻 Transformação digital
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Inclusão digital vira direito social.
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Sistemas integrados com identidade nacional como chave de acesso.
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Ato administrativo rastreável e registrado digitalmente.
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Políticas de segurança cibernética e laboratórios de inovação no setor público.
📉 Disciplina fiscal
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Estados, municípios e DF terão teto de despesas primárias a partir de 2027, limitado à inflação + 2,5% do aumento de receita.
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Revisão anual de gastos passa a subsidiar a LDO, tornando o orçamento mais realista e controlado.
🚧 Resistências no caminho
O texto atinge diretamente privilégios históricos do funcionalismo de elite, incluindo magistrados e carreiras de topo. São grupos organizados, com poder de pressão no Congresso e nos tribunais. A batalha política promete ser dura e cheia de contragolpes corporativos.
🔎 O saldo
Apesar das resistências, a proposta traz avanços inéditos:
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Redução de distorções salariais e benefícios automáticos.
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Avaliação de desempenho real, com impacto em progressão e bônus.
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Planejamento e metas obrigatórias para governantes.
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Transformação digital com integração e rastreabilidade de atos.
Se passar, muda a lógica da máquina pública — de um modelo autorreferente e corporativista para um sistema voltado a resultados, eficiência e transparência. Mas o embate com a elite do serviço público será decisivo para definir o alcance dessa mudança.