A oposição cearense pareceu sair fortalecida das urnas após a eleição de 2024 e o fabuloso resultado de André Fernandes (PL), que o fizera subir, de certa maneira, num “salto alto” e enunciar-se como o “novo líder da oposição” no estado, pondo de lado antigos pretendentes, como o próprio Capitão Wagner (UNIÃO), que saiu um tanto quanto enfraquecido do mesmo pleito.
Mas, André carece de idade mínima para voos mais altos na eleição que se aproxima, restando-lhe uma assegurada reeleição à Câmara Federal e, como já se observa, um lugar “seu” na chapa majoritária com o nome de seu pai, o deputado estadual Alcides Fernandes, como candidato a senador. Tudo com a unção do mito. Até carro adesivado, com a imagem dos três, já circula pelas ruas da cidade.
Então, tem-se um “projeto” que carecia de liderança. E onde essa oposição foi buscá-la?
Primeiro, no ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, que anunciou, pelas redes, sua desfiliação do PDT e, ao que parecia certo, a filiação ao UNIÃO, onde estão importantes ex-ferrenhos opositores seus, tendo Wagner à frente. Entre sorrisos, cafés e até caminhada religiosa em Barbalha, Roberto foi saudado como o “nome” a derrotar o petismo.
Contudo, haveria mais “cafés” no bule da oposição e, logo, logo, os nobres oposicionistas iriam mirar mais adiante (ou melhor, mais atrás), e abrigar-se no ainda considerado importante, por eles, capital político de Ciro Gomes, que passou a constar como a grande aposta da oposição para 2026. Oposição essa que, até meses atrás, nomeava como o mal maior do estado a “oligarquia Ferreira Gomes”. O casal de três dobras, Jaziel e Silvana, por exemplo, gravou vários vídeos contra Ciro, durante a pandemia, acusando-o de grande inimigo da fé cristã; hoje, o enunciam como homem de valor.
Assim, de Roberto a aposta passou para Ciro. Para derrotar a herança da “ditadura Ferreira Gomes” foram em busca de um “Ferreira Gomes”.
Mais “café” no bule e a oposição dá mais um passo rumo ao passado: agora é Tasso Jereissati a sua aposta para produzir a tal esperada vitória eleitoral em 2026. Sua voz, seu apoio, sua experiência passa a contar como trunfo para uma campanha que, ao que parece, tende a ser competitiva; mas não pela suposta força da oposição por ela mesma, uma vez que deu mostras de carecer de… liderança!
Tasso e Ciro figuram, a preço de hoje, como baluartes da intentona oposicionista que, incapaz de produzir uma discursividade eleitoral voltada para o futuro, escolhe ser retrotópica e voltar ao passado do “mudancismo” que, dentre outras coisas, vejam só, levou ao poder os “Ferreira Gomes”.
Meses atrás Ciro Gomes dizia-se aposentado da política. Tasso também.
Para usar uma imagem do mestre Florestan Fernandes, em outro sentido: eis um “circuito fechado”.
O que trará os próximos cafés?