O que aconteceu: Na noite desta quinta-feira , 05, o Focus Poder tornou público (veja aqui) o resultado da nova pesquisa AtlasIntel de intenção de votos para a Prefeitura de Fortaleza, com amostra total de 1.211 respondentes. Foi a primeira pesquisa divulgada após o início do HGPE na TV e no rádio. Portanto, já com parte considerável dos eleitores da capital conscientes de que o tempo da política, finalmente, chegou. Nela, uma disputa embolada, aos moldes do que aconteceu na sucessão de Juracy Magalhães, há mais de vinte anos. Agora, André Fernandes, Evandro Leitão, Wagner Sousa e José Sarto disputam a possibilidade de enfrentarem-se no segundo turno.
A saber: A pesquisa deu mostras do potencial (ainda aberto?) de crescimento de intenção de votos de Evandro e André, que partiram, respectivamente, de 13 e 14% em dezembro para 23% em agosto, alcançando 24 e 25% agora. Por sua vez, Wagner, que alcançara 29 e 20% nas duas últimas pesquisas, teve uma leve recuperação (com 28%), dando mostras de sua resiliência/competitividade. A má notícia, de fato, é para o prefeito Sarto, que apenas cai desde a primeira pesquisa (tinha 26, foi a 22 e agora chegou a 19%). Os famigerados “nanicos” continuam onde estão, no segundo pelotão da disputa,
Por que importa: Pesquisas eleitorais formam um complexo importantíssimo nas eleições desde a redemocratização, que inclui, além delas: entrevistas com candidatos, debates televisivos, campanha de rua e, agora, as redes sociais. Mesmo aquelas candidaturas que rejeitam-nas discursivamente, fazem usos de seus resultados para as estratégias e táticas a serem tomadas. O caso do PL é exemplar: é exatamente o espectro político que diz nelas não acreditar, pois a pesquisa real “é o povo”; mas, tem feito largo uso do bom desempenho de seu candidato nas pesquisas divulgadas.
Visão adicional: Caso o crescimento dos candidatos do PL e do PT se concretize nas próximas pesquisas, incluídas as duas da AltasIntel que ainda sairão até o sábado de véspera da eleição, é de se esperar que a nacionalização se imponha por aqui, em termos de gramática da disputa. Ou seja: a agenda que importa, a dos problemas da cidade, cederá confortavelmente lugar ao imaginário interpelado a identidade de “candidato de Lula” ou de “candidato de Bolsonaro”. Extrema-direita, de um lado, petismo, de outro, circularão, assim, como categorias acusatórias que poderão produzir um voto de “rejeição” bem mais do que um voto prospectivo naquele que deverá gerir Fortaleza.
Vá mais fundo: Correndo por fora, Sarto e Wagner poderão encenar a terceira via na capital? Digno de nota é o fato de que, quando simulam-se segundos turnos dentro do mesmo espectro (direita, com Wagner e André, ou esquerda, com Leitão e Sarto), temos o maior índice de votos brancos ou nulos: 34%, no primeiro caso, 29% no segundo. Em outras palavras: Fortaleza nem é de esquerda nem de direita, estando cada espectro político dependente de alianças ou da rejeição do seu oponente.
Leia também: A preciosa leitura de Andrei Roman, CEO da AtlasIntel, acerca da disputa de Fortaleza
O que vem a seguir: As campanhas alinharão estratégias de acertos para a reta final deste primeiro turno. O crescimento de Evandro com a trindade Lula-Camilo-Elmano tornará necessária a presença de Luizianne em seu palanque? O estilo zoeiro de Sarto produzirá os efeitos esperados àquilo que deveria ser uma prestação de contas de sua gestão? André persistirá com o estilo homem sério a tomar o lugar do jovem aguerrido pelo qual é conhecido? E Wagner, sem padrinho e sem grupo, levará a cabo que estratégia para se manter competitivo e garantir sua terceira vez consecutiva num terceiro turno em Fortaleza?