Sem dúvida alguma, o dado mais importante da última pesquisa AtlasIntel, contratada pelo Focus Poder, foi o crescimento considerável dos dois candidatos da famigerada polarização na disputa: André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT), anunciados em alto e bom som pelos seus padrinhos, que estiveram e ainda deverão estar aqui até o dia da eleição.
Para lembrar: André tinha 13% e Evandro 14% das intenções de voto, lá em dezembro de 2023; marcaram em torno de 23% em agosto, e agora cravam 25 e 24.2%, respectivamente. Exatamente o que desejavam, o que lhes permite fugir do debate sobre a cidade e conduzir a eleição sob a gramático do bolsonarismo e do lulismo.
Mas, então, de onde vêm os votos da polarização? Vamos aos números da pesquisa.
André, que cravou 25% das intenções de voto, tem seu eleitorado assim estratificado: 22% de homens, 28% de mulheres, 20% de católicos, 30% de evangélicos, 40% de ensino fundamental, 20% de ensino médio, 70% com renda entre 2 e 5 mil reais, 52% dos que votaram em Wagner em 2020, 54% dos que votarem em Wagner em 2022, 32% dos que não votaram em 2022 e 63% dos que votaram em Bolsonaro em 2022.
Observe que é acertada sua estratégia, até aqui, de polarizar com Wagner (UNIÃO), bem mais do que se mostrar como candidato de Bolsonaro (o que é sabido de quase todos). Se a referência ao “mito” no HGPE, até o momento, se deu apenas no dia 07/09, reiteradas são as vezes, inclusive na noite desta segunda, 09/09, em que repetiu a peça publicitária em que apresenta Wagner como um dos seus “adversários” (ao lado de Sarto e de Evandro), chegando mesmo a dizer que ele faz parte do “sistema”, estando com o PT em Caucaia e Maracanaú e até “saindo em defesa de Luizianne” e já tendo pedido votos “para Lula”.
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Por sua vez, os votos de Evandro, com 24.2% das intenções de votos, compõem-se assim: 19% de homens, 30% de mulheres, 26% de católicos e 26% de outras religiões (entre evangélicos, amarga o 4º lugar, com apenas 17%), 34% de ensino médio e 23% de ensino superior, 29% entre aqueles que ganham até 2 mil reais e 33% entre os que ganham de 3 a 5 mil, 40% dos que votaram em Sarto e 48% dos que votaram em branco ou nulo em 2020, 63% dos que votaram em Elmano e 43% dos que votaram em Lula em 2022.
Há uma clara divisão dos votos de Lula entre ele e Sarto (28%), o que exige uma identificação ainda mais estrita entre os dois. É o que se tem observado no HGPE. Há também um desafio a transpor: a divisão dos evangélicos entre Wagner e André, que recebem mais da metade dos votos do segmento (onde está o efeito da Bíblia nas escolas?), e numa simulação de segundo turno entre o petista e Sarto a intenção de anular o voto atinge o expressivo índice de 42%.
Para finalizar: quando se observam as simulações de votos de segundo turno, Wagner e Sarto mostram-se como os cabos eleitorais perfeitos para André e Leitão, no que diz respeito à divisão dos votos. O eleitor dá mostras de que sabe, ao certo, quem é direita e esquerda nessa eleição, numa definição particular dos termos. A pergunta que fica é: as rusgas trocadas neste primeiro turno permitirão aproximações no segundo, quaisquer que sejam os postulantes?