
“L’ État c’est moi”, Luiz XIV
” Uma democracia, lenta, progressiva e segura”, general Ernesto Geisel
Jesus, traído por Judas, seu apóstolo, condenado pelas hesitações de Pilatos fez da Ressurreição a Sua Palavra e a bandeira da catequese;
Julio Cesar, o Imperador assassinado por um conluio de senadores, mostrou quão duvidosa é a solidariedade dos homens (e das mulheres); ;
Lincoln, em um camarote de teatro, deixou a nação em armas;
Hamlet, por uma espada com a ponta da lâmina envenenada em um duelo arranjado;
O assassinato de Francisco Ferdinando, herdeiro da Coroa do Império austro-húngaro leva de roldão o mundo à guerra, por razões fortuitas;
0 assassinato de Trotsky com um prosaico picador de gelo traz a paz ao coração de Stalin;
A morte de Roosevelt em leito de guerra após a divisão do mundo em Yalta;
O assassinato de Kennedy, em Dallas, crime nunca esclarecido;
O suicídio de Getulio, com um disparo certeiro no coração, no Palácio do Catete, com carta escrita, para ingresso pelo chão da história…
A morte de Tancredo em leito de hospital, cercado de médicos, em uma lição de anatomia, sem a presença do dr. Nicolaes Tulp, nas paletas de Rembrandt;
Não foram apenas as guerras que fizeram fortes a “fraca gente” e garantiram as conquistas e o controle do Mundo. A morte, pelos amargos padecimentos e as provações ou o alivio pela partida chegada a bom tempo, consagraram a fama heróica de muitas biografias apagadas…
Os “marajás” e a corrupção ofereceram a Collor uma eleição garantida.
O Comicio da Central do Brasil inaugurou o parlamentarismo ou o “presidencialismo-parlamentar” de ocasião, surto passageiro de aguerridos democratas hesitantes…
O cruzador Tamandaré exibiu suas baterias na baía da Guanabara. O mínimo almirante Pena Boto explicava no tombadilho da belonave aos jornalistas a sua doutrina do “soviete brasileiro” no Triângulo Mireiro. Embarcadiço com o “presidente” Carlos Luz– todos atores de uma desajeitada ópera cômica que enchia o país de patriotismo — era o Senhor dos mares, defronte à Praia Vermelha. Por aqueles tempos carregados de simbologia, cruzadores e porta-aviões, casados de marinhagem, sucateados no Ultramar, foram incorporados à nossa Armada como exibição guerreira, visível, da nossa Soberania. Comprámo-los, velhas glórias dos sete-mares, da França e dos Estadis Unidos, e os fundeamos a elevado custo em bases cariocas…
Aragarças? Foi um levante aéreo de velhos NAs em voo sobre terras ignotas. Não contam como revolução ou “putsch”, ameaças severas sobre a nossa democracia.
Transcorrido um quarto de século de uma república bem comportada, uma “ditadura constitucional”, como fora a França com De Gaule, chegamos aos tempos de Sarney e Collor. Pulamos jeitosamente dois “impeachments”, para assistirmos, ao final, ao desembarque de um populismo prosaico, de encomenda, para brandir as bandeiras de uma duvidosa renovação.
Tudo sem mortos nem cadáveres insepultos, salvo a facada desferida por um ativista que lhe valeria os préstimos dos advogados mais caros do país…
Somos, felizmente, um povo pacífico e ordeiro. E, confessadamente , resiliente, como se costuma qualificar as pessoas de boa índole.
Paulo Elpídio de Menezes Neto é articulista do Focus, cientista político, membro da Academia Brasileira de Educação (Rio de Janeiro), ex-reitor da UFC, ex-secretário nacional da Educação superior do MEC, ex-secretário de Educação do Ceará.






