A parcela mais politicamente antenada dos cearenses acompanha, com espanto e reprovação, à guerra declarada entre dois irmãos, Ciro e Cid Ferreira Gomes, que deram as cartas no pano verde da política cearense durante os últimos 15 anos e já ocupam vaga no primeiro vagão do poder no Ceará há três décadas e meia.
Pois é, deu ruim. Enquanto o irmão mais novo, o prefeito de Sobral Ivo Gomes enfrenta um desafio pessoal de saúde e a tudo assiste de longe, sua irmã, a deputada Lia Gomes, cumpre seu primeiro mandato navegando na turbulência da crise familiar. Na refrega, ambos apoiam o senador Cid Gomes. Abertamente.
Já os mais velhos e proeminentes dão ao distinto público uma demonstração didática do potencial deletério que tem o poder e seus feitiços em desmanchar no ar tudo que pareça sólido – a fraternidade familiar, inclusive.
O que não se tem lembrado no curso dos incidentes é que o racha entre Ciro e Cid não é fato novo entre os Ferreira Gomes de Sobral: lá atrás, José Euclides, o pai de ambos, também teve como inimigo seu irmão de sangue Euclides Carlos, que vem a ser o pai do deputado Tim Gomes.
O mesmo Tim Gomes que, por sua vez, embora primo legítimo, abriu frente de combate a eles na década de 90, ainda como vereador, aliando-se à liderança do prefeito Juraci Magalhães quando este travava com Ciro Gomes duros embates políticos .
Enfim, se o auditório não está habituado à truculência do espetáculo, os protagonistas da cena só reproduzem gestos e diálogos de uma tradição familiar que já se julgava ultrapassada pelos modos contemporâneos de enfrentamento político. Lamentável sob todos os aspectos.