O cenário
Pela primeira vez desde 2015, a classe média brasileira volta a crescer, representando 49,6% dos domicílios em 2023. O mercado de trabalho em recuperação foi o motor principal dessa mobilidade, aponta estudo da Tendências Consultoria revelado inicialmente pelo O Globo.
O que está acontecendo
•Crescimento do emprego: Desde 2023, a recuperação do mercado de trabalho trouxe famílias da classe D/E para a classe C.
•Salários em alta: A massa salarial aumentou 7% em média em 2024, com destaque para as classes C (+9,5%) e B (+8,7%).
•Redução do desemprego: A taxa de desemprego chegou ao menor nível histórico, 6,1% em novembro de 2024.
Por que importa
A valorização do salário mínimo em 2023 e 2024 e a queda da desigualdade no último ano criaram condições para maior mobilidade social. Contudo, a economista Camila Saito alerta para um futuro de mobilidade mais lenta devido às características de alta desigualdade estrutural do Brasil.
Os números
•Classe C: Renda domiciliar entre R$ 3,5 mil e R$ 8,1 mil. Projeção de crescimento de 6,4% em 2025, acima da média nacional de 3,8%.
•Classe B: Renda domiciliar entre R$ 8,1 mil e R$ 25 mil. Beneficiada por melhores salários e ganhos financeiros.
O que dizem os especialistas
•Marcelo Neri (FGV Social): Em 2024, houve queda da desigualdade e aumento significativo da renda entre os mais pobres (+10,2%).
•Paulo Tafner (IMDS): A baixa qualidade da educação ainda limita ganhos estruturais e a mobilidade social sustentável.
O que vem a seguir
Com a alta da taxa Selic favorecendo as classes A e B, e a inflação penalizando os mais pobres, especialistas divergem sobre a sustentabilidade da recuperação social. Enquanto uns apontam riscos fiscais e educacionais, outros veem potencial no ajuste fiscal e estabilidade econômica.