Por Sebastian Bar
Especial para o Focus Poder
Contexto: No rastro da ascensão de Jair Bolsonaro em 2018, surgiu no Ceará uma nova safra de políticos que, juntando-se ao já veterano Capitão Wagner, se colocou à direita no espectro político local. Pelo menos em um ponto crucial, o que se diz novo parece repetir uma das mais velhas, resistentes e nefastas práticas do atraso que esta safra afirma combater: a opção pela construção de grupos políticos de cunho familiar e o gosto pelo nepotismo.
O que está acontecendo:
• André Fernandes, deputado federal e popular nas redes sociais, patrocinou a candidatura do próprio pai em 2022 para uma cadeira de deputado estadual. A mesma que deixou para disputar o mandato federal.
• Capitão Wagner, ao concorrer ao governo do Ceará em 2022, apoiou sua esposa na disputa por uma vaga de deputada federal, o que gerou desconforto entre sua base tradicional, oriunda da corporação dos policiais militares.
• Carmelo Neto, deputado estadual, agora atua como o principal cabo eleitoral de sua esposa, que concorre a uma vaga na Câmara Municipal de Fortaleza.
Nepotismo cruzado em debate:
• Durante o debate na TV Cidade, Capitão Wagner criticou André Fernandes por suposto nepotismo cruzado, mencionando que parentes de André ocupavam cargos no gabinete do vereador Inspetor Alberto. O fato não foi negado.
• Em resposta, André rebateu as críticas nas redes sociais e acusou Wagner de ter favorecido a própria irmã ao deixá-la em uma posição bem remunerada na Secretaria de Saúde de Maracanaú.
Por que importa:
• Essas práticas têm causado desconforto, especialmente entre eleitores mais tradicionais, que esperavam novas práticas políticas.
• O nepotismo cruzado, onde parentes são alocados em cargos por meio de terceiros, tem sido alvo de críticas e ações judiciais, como a movida pela candidata à vice-prefeita Cindy Carvalho, da coligação PSOL/Rede, contra André Fernandes.
Vá mais fundo:
• As críticas ao nepotismo revelam tensões internas na base desses novos políticos. Ninguém escapou. O apoio de figuras populares a familiares em disputas eleitorais levanta severas dúvidas sobre a renovação política no Ceará e coloca em xeque a transparência e ética de suas gestões.