Por que importa:
Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que o crime organizado fatura mais com a comercialização de produtos legais — como combustível, ouro, cigarros e bebidas — do que com o tráfico de drogas. Em algumas regiões, como a Amazônia, facções criminosas já são os maiores empregadores, num cenário que lembra o México.
Os números:
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Facções como o PCC e o Comando Vermelho movimentaram R$ 146,8 bilhões em 2022 com a venda irregular de bens lícitos.
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No mesmo período, o tráfico de cocaína movimentou R$ 15 bilhões.
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O estudo aponta ainda o domínio crescente de cadeias produtivas completas, como a do etanol, com postos de gasolina e usinas sob influência criminosa.
O que está acontecendo:
Segundo Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum e autor do estudo, em entrevista ao Estadão, o crime organizado deixou de atuar apenas nas margens e agora infiltra-se em estruturas centrais da economia formal — com atuação em portos, aeroportos e setores como pesca, combustível e bebidas.
Aspas:
“No México, o principal empregador é o crime organizado. O Brasil ainda está longe disso, mas, em algumas regiões, como a Amazônia, isso já acontece.” — Renato Sérgio de Lima ao Estadão
Vá mais fundo:
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O avanço sobre mercados lícitos começou como forma de lavar o dinheiro do tráfico, mas passou a ser mais lucrativo que a própria droga.
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Produtos como cigarro e álcool são vendidos majoritariamente nas periferias; já o combustível adulterado e contrabandeado chega aos bairros nobres.
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Na Amazônia, a cadeia da pesca já está majoritariamente sob controle do crime — que, segundo o Fórum, atua como verdadeiro motor da economia local.
O risco:
A expansão das facções para dentro da economia formal amplia seu poder político, territorial e financeiro, gerando perdas fiscais bilionárias e erodindo o controle do Estado. A tendência é de “mexicanização”: quando o crime se torna tão estruturado que funciona como governo paralelo.