
O Clássico-Rei entre Fortaleza e Ceará terminou com o placar mais expressivo fora das quatro linhas: 82 baderneiros presos e um recado direto do governador Elmano de Freitas. A conversão das prisões em flagrante para preventivas não foi um ato isolado da Justiça — contou com a articulação direta do governador Elmano de Freitas, que atuou nos bastidores para endurecer a resposta do Judiciário.
O que aconteceu:
• Prisões em massa: 113 suspeitos detidos, sendo 82 adultos com prisão preventiva decretada e 27 adolescentes apreendidos.
• Ordem do topo: Focus apurou que a cúpula do Governo Elmano orientou a PM a prender o máximo possível de envolvidos. Depois, pressionou para que o Judiciário e o Ministério Público mantivessem a linha dura.
• Exemplo inglês: Pela experiência internacional, a medida só terá sobrevida se as consequentes sentenças afastarem por longo tempo ou definitivamente os envolvidos dos estádios. Ou seja, aplicar medidas como a obrigatoriedade de comparecimento à delegacia nos dias de jogo, inspiradas no combate aos hooligans na Inglaterra.
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Fontes do Focus Poder confirmam que o governador não ficou no papel de espectador. A estratégia é clara: mostrar que o Estado não é conivente com o crime travestido de paixão clubística.
“Efeito 8 de janeiro” no futebol
A referência do governo é o modelo que resultou em prisões e sentenças rápidas para os golpistas de 8 de janeiro de 2023. O Ceará quer replicar o método, criando um efeito dissuasivo: prisões preventivas agora, sentenças exemplares depois.
• Exemplo prático: Além da cadeia, torcedores podem ser condenados banimentos com medidas como o comparecimento obrigatório à delegacia em dias de jogo do time. Colocar organizadas criminosas fora da lei é outro caminho. É o que diz o sucesso das experiências internacionais.
• Pressão por resultados: A continuidade da estratégia depende do Judiciário e do Ministetio Público para garantir punições que sirvam de lição.
Reconhecimento facial:
Enquanto o rigor judicial era articulado, o Governo do Ceará já havia projetado um movimento providencial: o projeto de identificação facial no Castelão, que tem data marcada para entrar em vigor — abril de 2025. Banir sentenciado dos estádios ao seria possível com esse mecanismo tecnológico.
O que está previsto:
• Reconhecimento facial: Câmeras de alta definição serão instaladas em pontos estratégicos do estádio, permitindo identificar rapidamente torcedores com histórico de violência.
• Banco de dados integrado: O sistema será conectado a um cadastro estadual de torcedores organizados, facilitando o monitoramento em tempo real.
• Controle de acesso: Haverá validação biométrica nos portões principais, inviabilizando a entrada de indivíduos já proibidos de frequentar eventos esportivos.
O objetivo é claro: com a alta visibilidade do futebol, a ideia é transformar o Castelão em um ambiente seguro, onde o Estado possa agir preventivamente, e não apenas após o confronto já instalado.
Cálculo político
O endurecimento tem um objetivo além da segurança: projetar uma imagem de autoridade e controle, em um estado marcado por imensos desafios na segurança pública que atinge a popularidade do governo. O governo quer evitar a associação da violência das torcidas com a ideia de um Estado omisso — um discurso crucial para a base política de Elmano.
O que esperar:
Se o modelo funcionar, o Ceará pode se tornar um laboratório para políticas de segurança mais duras no esporte. Se falhar, será mais um caso de repressão pontual, incapaz de enfrentar o problema estrutural da violência nos estádios. O jogo, agora, está na Justiça.