O fato: A construção civil registrou em 2024 um aumento significativo nos custos, com a mão de obra sendo o principal fator de pressão. Segundo dados do Sinduscon-SP, os custos gerais no setor cresceram 6,54% no ano, com destaque para o aumento de 8,56% nos gastos com trabalhadores. Enquanto isso, materiais e equipamentos subiram 5,34%, e os serviços, 3,66%. O Custo Unitário Básico (CUB), indicador representativo do setor paulista, atingiu R$ 2.039,53 por metro quadrado em dezembro.
Perspectivas para 2025: A projeção para 2025 indica continuidade na alta dos custos. Segundo empresários do setor, os gastos com materiais e equipamentos devem ser impactados pelas taxas de juros elevadas e pelo aumento de preços de insumos dolarizados, como o aço. Já na mão de obra, o desafio está na dificuldade de atrair jovens trabalhadores e na carência de formação técnica adequada, o que mantém a pressão sobre os custos.
Críticas e desafios trabalhistas: O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil (Sintracon-SP) destacou que a valorização salarial não tem se traduzido em melhores condições para os profissionais. Contratos baseados em produtividade, que não formalizam os pagamentos em contracheques nem recolhem FGTS e INSS, são criticados pela entidade. “A valorização real da categoria deve ocorrer com a garantia de direitos e cumprimento da legislação trabalhista”, afirmou o sindicato em nota.
Além disso, o envelhecimento da força de trabalho agrava o cenário. Com idade média de 42 anos, os trabalhadores enfrentam uma queda na produtividade justamente em um período de alta demanda.
Iniciativas para atrair jovens e capacitar profissionais: Para mitigar os desafios, o setor aposta em parcerias com o Senai e a Secretaria Estadual de Educação para oferecer cursos de formação técnica no ensino médio público. Além disso, um fórum permanente de negociações pretende estruturar um plano de carreira e salários padronizado ainda em 2025.
Segundo David Fratel, coordenador de Recursos Humanos do Sinduscon-SP, a modernização e a estabilidade no setor são essenciais para atrair novos profissionais. “A construção civil está se transformando para inovar e se adaptar aos jovens, criando condições para uma carreira mais estável e atrativa”, afirmou.