O livro O Tempo em Camadas, de autoria da escritora Angela Barros Leal, será lançado na noite desta terça-feira, 24, em evento para convidados. A obra é um conjunto de crônicas selecionadas pela autora a partir de textos publicados originalmente no Focus.
O lançamento compõe o segundo sarau delicadamente organizado pelo casal Patrícia e Amarílio Macêdo. O primeiro, ocorrido há cerca de dois meses, foi uma emocionante apresentação do coral Sobretons, que encenou letras e músicas de Chico Buarque. O Sobretons participará novamente, cantando algumas composições de Belchior, Ednardo e Fagner.
O Tempo em Camadas teve sua edição e impressão patrocinadas pela Expresso Guanabara, empresa nacional com sede no Ceará, que tem como CEO o empresário Paulo Porto Lima.
O livro é apresentado por Fernanda Coutinho, professora titular de Teoria da Literatura do curso de Letras da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Toda a renda procedente da venda desta edição de O Tempo em Camadas será destinada à Casa de Vovó Dedé, instituição não-governamental encravada na interseção Barra do Ceará/Pirambu, que faz um trabalho de referência na formação de crianças e adolescentes nas áreas de música e audiovisual.
Sobre a autora
A opção pelo jornalismo foi um marco na vida de Angela Barros Leal. Ainda antes de se graduar na UFC, ganhava a oportunidade de escrever em cadernos voltados à cultura e arte, e a registrar o que havia de curioso a ser noticiado referente ao que via ou experimentava em torno de si. Daí para a crônica foi um salto. Em 1989 passou a assinar crônicas semanais para o jornal O Povo, projeto interrompido por uma viagem de longa duração.
Mais recentemente, no início de 2020, após aproximação com o jornalista Fábio Campos para a produção de um livro sobre o Tribunal de Justiça do Ceará, Angela recebeu dele o convite para retomar as crônicas. Dessa vez em formato virtual. A proposta foi muito bem recebida, e as crônicas semanais veiculadas no site Focus.jor ganharam espaço entre notícias acerca de política e economia. “Tudo faz parte da vida, esse tudo-junto-agora”, como diz a escritora.
Ao lado das crônicas, Angela vem desde 2002 produzindo livros biográficos – a exemplo das biografias do jurista e escritor Fran Martins, do empresário Clovis Rolim, do também jurista Dolor Barreira, do combatente poeta Jáder de Carvalho, entre outros, além de livros institucionais, registrando a vivência histórica de empresas e entidades como a fábrica M.Dias Branco, Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza, Sebrae/CE, Associação Cearense de Imprensa, incluindo ainda um livro sobre a Praça Portugal e um outro trazendo a história de nove mulheres corajosas que estiveram de passagem no Ceará, durante os séculos XIX e XX.
A apresentação, por Fernanda Coutinho
O Tempo em camadas, livro de Angela Barros Leal, estampa uma alentada e saborosa reunião de relatos, que chega aos leitores e leitoras, por meio de registros vários. Enternecedores, chistosos, pitorescos, melancólicos: eis alguns deles. O passar das páginas revela, por vezes, entonações mais meditativas, em que somos levados a suspender o tempo-leitura e penetrar nas nervuras do texto, que enfoca, o mais das vezes, nossa humana condição, sujeita a sobressaltos sem fim. Verdade seja dita, o livro denota o à-vontade da escritora com relação ao gênero escolhido, uma vez que nele transita com pés alados, de um assunto ao outro, e, mais que isso, por meio, quer do timbre ameno, quer do mais circunspecto.
O que Angela faz, de fato, é se apropriar da nonchalance da crônica, essa que costuma ser indiferente à norma, à solenidade, à padronagem única. E lá se vão seus leitores, por entre cambalhotas e piruetas, habitar a variada cartela de temas aí circulantes.
Certamente a escritora se deteve ante as lições dos grandes cultores dessa categoria narrativa de nosso país. E como é pródiga a literatura brasileira nesse particular!
Angela nos prova que foi aluna-leitora atenta e empenhada, conseguindo tratar as miudezas contidas na passagem das horas, com delicadeza de percepção. Como se vê, existem muitas possibilidades de deleite oferecidas por essas camadas de tempo! Pois, quer no passado, de mãos entrelaçadas com a saudade, quer no tumulto do presente vertiginoso, as histórias de Angela divertem, comovem e revelam a beleza e luminosidade dos sons e sentidos de nosso idioma.