O fato: Pelo segundo mês consecutivo, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou uma queda no endividamento das famílias brasileiras. Em agosto, o percentual de famílias com dívidas a vencer foi de 78%, abaixo dos 78,5% observados em julho. Apesar da queda, o índice ainda supera o registrado em agosto do ano passado, quando 77,4% das famílias estavam endividadas.
Inadimplência: Embora o endividamento tenha caído, o percentual de famílias com dívidas em atraso se manteve estável em 28,8% pelo terceiro mês consecutivo. Além disso, o percentual de famílias que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas atrasadas aumentou para 12,1%, indicando dificuldades financeiras persistentes. O número de dívidas com mais de 90 dias de atraso subiu para 48,6%, o maior índice desde março de 2020.
Cenário econômico: Segundo José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, o comportamento do endividamento reflete o cenário macroeconômico. O crescimento do PIB de 1,4% no segundo trimestre de 2024 trouxe otimismo, mas a recuperação ainda é lenta e os juros elevados continuam a gerar incertezas para as famílias. Tadros alertou que uma retração no consumo pode prejudicar a retomada econômica.
Apesar da queda no endividamento, o comprometimento da renda das famílias com dívidas ainda é elevado. Em agosto, 29,6% da renda familiar estava comprometida com o pagamento de dívidas, enquanto 19,9% das famílias tinham mais da metade da renda comprometida, o maior percentual desde junho deste ano.
Crédito: Entre as modalidades de crédito, o cartão de crédito continua a ser o principal responsável pelo endividamento, representando 85,7% das dívidas, apesar de uma ligeira redução de 0,4 ponto percentual em relação ao mês anterior. O crédito pessoal, por outro lado, registrou um aumento de 0,5 ponto percentual em relação a julho.
Regiões: O Rio Grande do Sul, que enfrentou enchentes em maio, registrou um aumento contínuo no endividamento, que alcançou 92,9% em agosto, o maior índice desde outubro de 2023. O estado também apresentou o maior percentual de famílias com contas em atraso (39,1%) e 3,7% sem condições de quitá-las, o maior desde agosto de 2021.