Enem dos Concursos, um megaevento de persistência e renúncia; Por Paulo Elpídio de Menezes Neto

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Uma pergunta que clama por explicaçãoPor qual razão a metade de dois milhões de candidatos ao SUPER-ENEM não compareceu ao exame realizado nacionalmente, neste domingo? Trata-se do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) para preencher 6.640 vagas em 21 órgãos públicos federais. O CNPU* ficou conhecido como “Enem dos Concursos”, criado para dar a oportunidade de o candidato concorrer a diversas vagas em diferentes órgãos, pagando uma única taxa.

Com elevada taxa de desemprego e subemprego, entre jovens adultos e mais de 6 mil vagas no sistema da administração federal disponíveis, um milhão de inscritos deixou de comparecer aos locais de exame.

Por que em exames anteriores, segundo fontes do governo, a desistência entre inscritos alcançou, em média, 40% de uma crescente demanda de candidatos?

É imperioso que se busque entender esta elevada taxa de abstenção e as causas determinantes desta desistência persistente. Por que desistem diante dos sortilégios da sorte e das réstias de esperança de um lugar na fila e na vida?

Quem desiste, qual o perfil dos que fogem de um encontro longamente esperado e, na última hora, se evadem? Os que pagam a taxa de inscrição ou os que são dispensados desta obrigatoriedade? Quantos dos que desistem deixaram de fazê-lo em exames anteriores?

O Ceará surge com as mais elevadas taxas de abandono do concurso, enquanto o Distrito Federal apresenta-de com as menores, conforme os resultados divulgados.

Importa conhecer a estrutura comportamental desta coorte de auto-excluídos e identificar as circunstâncias que levam com reincidência a esta evasão trágica dos que, por qualquer razão, renunciam a uma possibilidade real de disputar emprego estável e bem remunerado nas dobras da fazenda e dos serviços do Estado.

A importância social desta mobilização de candidatos por cargos federais, avaliada como promessa de dias melhores para cidadãos desamparados da sorte e da proteção da cidadania, não escapou certamente aos políticos e governantes pelo seu irrecusável potencial de decisão eleitoral.

Em um país de fortes tradições protecionistas e de profundas raizes patrimonialistas, como o nosso, não estranha que, pôr-se a serviço do Estado, tenha se transformado na coluna vertical de uma vocação ancestral persistente e significativa.

Por isso mesmo, vale insistir por uma explicação que esclareça porque o governo transformou com pompa e circunstância este mega-concurso em enorme evento cercado de forte publicidade. Seria pela proximidade estratégica das eleições municipais deste ano?

Nota do Editor:*A abstenção nas provas do CNPU (Concurso Nacional Unificado), o “Enem dos Concursos”, realizadas no último domingo, 18, foi de 52% a 53%. O concurso teve 2,1 milhões de inscritos, e cerca de 1 milhão fizeram a prova. Os dados foram divulgados por Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.

Paulo Elpídio de Menezes Neto é articulista do Focus, cientista político, membro da Academia Brasileira de Educação (Rio de Janeiro), ex-reitor da UFC, ex-secretário nacional da Educação superior do MEC, ex-secretário de Educação do Ceará.

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